Lembrando A Mãe (Mira Alfassa)
- Paz, paz sobre a terra
Um dia fui apresentada à Mãe, Mira Alfassa,
através de suas obras e nunca mais a deixei.
Viveu por 95 anos, de 1878
à 1973. Deu continuidade ao trabalho de Sri Aurobindo, em Pondicherry, Índia.
Ela nunca acreditou no Deus
convencional das religiões ; o Deus interno era o que ela procurava.
Em seus últimos anos ,
vivenciou e descreveu processos de transformação do corpo físico, descobrindo e
experienciando a Consciência Celular e sua abertura e permeação pela
consciência mais alta, assim desbravando um caminho para a supramentalização
integral do ser .
Toda sua obra é atual, no
livros preces e orações encontros trechos que parecem terem sido escrito para
hoje.
Não diria que A Mãe estava
além do seu tempo, ela vivia o tempo, nós é que ainda não encostramos essa
sintonia com o eterno.
Como ela disse:
"Eu não pertenço à nação alguma, à civilização alguma, à sociedade alguma, à raça alguma, mas ao Divino.
Eu não obedeço à Mestre algum, à soberano algum, à lei alguma, à convenção social alguma, mas ao Divino.A Ele eu entreguei tudo, a vontade, a vida, o eu; para Ele estou pronta a dar todo o meu sangue, gota por gota, se essa for Sua vontade, com uma alegria total; e a Seu serviço nada poderia ser um sacrifício, pois tudo é perfeita felicidade".
Não a paz de um inconsciente ou de uma inércia auto-satisfeita; não a paz de
uma ignorância que não se reconhece e de uma indiferença obscura e pesada; mas
a paz da força todo poderosa, paz de uma comunhão perfeita, a paz do despertar
integral, do desaparecimento de todo limite e de toda sombra...
Por que se atormentar e sofrer, por que esta luta áspera e esta revolta
dolorosa, por que esta violência vã; por que este sono inconsciente e pesado?
Despertem sem temor, apazigúem seus conflitos, imponham silêncio a suas
disputas, abram seus olhos, seus corações; a Força está aí; ela está aí
divinamente pura, luminosa, possante; ela está aí como um amor sem limite, como
um poder soberano, como uma realidade sem discussão; como uma paz sem mistura,
como uma beatitude sem interrupção, como a Bênção Suprema; ela é a própria
existência, as felicidades sem limites do conhecimento infinito... e ela é
alguma coisa a mais que ainda não pode ser dita mas que já está agindo nos
mundos superiores além do pensamento, como o poder de transfiguração soberana,
e também nas profundezas da matéria como a Irresistível Força de Cura.
Escuta, escuta, ó tu que
queres saber.
Olha, tu que queres ver,
contempla e vive:
Biografia
Artista e musicista francesa, continuadora do trabalho de Sri Aurobindo, organizou e conduziu a comunidade do Sri Aurobindo Ashram. Realizando na prática a visão do Mestre, formulou os princípios de uma Educação Integral. Em seus últimos anos, vivenciou e descreveu processos de transformação do corpo físico, descobrindo e experienciando a Consciência Celular e sua abertura e permeação pela consciência mais alta, assim desbravando um caminho para a supramentalização integral do ser.
Esteve na Índia em 1914, quando conheceu Sri Aurobindo. Retornou à França durante a 1ª Guerra Mundial e voltou definitivamente à Índia em 1920, criando juntamente com Sri Aurobindo o "Sri Aurobindo Ashram". Em 1924, com a retirada de Sri Aurobindo a um aposento do Ashram, A Mãe tomou a direção prática da comunidade, que conduziu até sua morte. A Mãe ocupou-se em explicar o pensamento de Aurobindo aos discípulos em termos simples, ocupou-se em orientar e coordenar as diversas atividades do Ashram, e também a desenvolver um trabalho interior na busca dos ideais de Sri Aurobindo. Deixou também muitos trabalhos escritos, resultados também de suas vivências interiores.
Notas Biográficas
Nascida em Paris em 21 de fevereiro de 1878, filha de mãe egípcia e pai turco, ambos materialistas inflexíveis. Completou estudos de piano, pintura e matemática avançada. Em seus primeiros anos, experiências espontâneas levaram-na a viagens fora de seu corpo, para o passado da terra, e sem sua compreensão, levaram-na à descoberta de "vidas passadas". Em 1897, com 19 anos, casou-se com Henri Morriset, um estudante do artista francês Gustave Moreau, e tornou-se amiga de Rodim e também de todos os grandes artistas do período impressionista. Com a idade de 26 anos, ela teve diversos sonhos com Sri Aurobindo – de quem nunca tinha ouvido falar – e tomou-o como uma "divindade Hindu". Mais tarde fez contato com Max Theon, um caráter enigmático com poderes ocultos extraordinários, o qual pela primeira vez deu a ela uma explicação coerente de suas experiências e lhe ensinou ocultismo durante duas longas visitas à Algéria. Em 1908, com 30 anos, divorciou-se de Morisset e mergulhou no estudo de filosofia com Paul Richard, com quem em 1910 visitou Pondicherry, uma colônia francesa na Índia onde Sri Aurobindo buscou refúgio dos britânicos. Ela acompanhou Richard a Podicherry em 1914 e encontrou Sri Aurobindo pela primeira vez em 29 de março: "Ele, a quem nós vimos ontem, está na terra".
Ela passou um ano em Pondicherry, e então quatro anos no Japão com Richard. Retornou a Sri Aurobindo em 1920, passando pela China. Quando Sri Aurobindo "retirou-se" para seu quarto em 1926, para devotar-se exclusivamente ao "yoga supramental", ela organizou e desenvolveu o "Ashram" a partir do nada.
Depois da partida de Sri Aurobindo em 1950, ela fundou o "Centro Internacional de Educação" e, no decorrer de muitos anos e incontáveis conversas com seus discípulos, tentou despertá-los para a "nova consciência". Finalmente, em 1958 ela retirou-se para seu quarto para chegar à raiz do problema: o "yoga das células" que levou-a à descoberta de uma "mente celular" capaz de reestruturar a natureza do corpo. De 1958 a 1973, ela lentamente desvelou a "Grande Passagem" para a próxima espécie e um novo modo de vida na Matéria. Esta é a Agenda (anotações). Em 1968 ela fundou Auroville, a poucas milhas de Pondicherry, como um "laboratório para a nova evolução".
Em 17 de novembro de 1973 A Mãe deixou o corpo.
fonte- http://pt.wikipedia.org/wiki/Mira_Alfassa
As
personagens mais marcantes da história da humanidade reconhecem-se, pela sua
criatividade interior, que impressiona e serve como farol aos que neles
encontram o ideal espiritual.
Existem
épocas em que criaturas extraordinárias descem à terra com uma missão a
cumprir, contribuindo com seu esforço para divulgar ensinamentos mais elevados
e ajudar aqueles que tacteiam na escuridão do mundo.
Mirra Alfassa nasceu em 21 de Fevereiro de 1878 em Paris, filha de um banqueiro
turco e de mãe (§) egípcia, cujas famílias eram
de descendência aristocrática.
Toda a família havia adquirido nacionalidade francesa e Mirra cresceu em Paris
onde passou a primeira parte da sua vida sendo já desde a sua tenra infância
uma criança acima do nível humano e dotada de grande força e determinação.
Possuía uma predisposição natural para experiências ocultas e aos doze anos já
praticava o ocultismo como uma disciplina consciente.
Entre os 12 e os 13 anos teve uma série de experiências psíquicas e espirituais
que lhe revelaram não apenas a existência de Deus, mas a possibilidade de
encontrá-lo e revelá-lo integralmente em consciência e acção, e de manifestá-Lo
na terra em uma vida divina. Isso, e uma prática para a sua realização foi-lhe
dado durante o sono, por vários mestres, alguns dos quais veio a encontrar
posteriormente no plano físico. Mais tarde o contacto com um desses mestres
tornou-se cada vez mais claro e significativo e apesar do escasso conhecimento
das filosofias indianas e religiões que tinha na altura, Mirra foi impelida a
chamá-lo de Kṛṣṇa. Desde então tomou consciência que seria com ele que ela
deveria realizar o seu trabalho.
Mirra estudou pintura e desenho e tornou-se uma pintora de talento tendo
exposto ao lado de grandes artistas como Renoir, Cézanne e outros.
Em Outubro de 1897 casou-se com Henri Morisset (discípulo do pintor Gustav
Moreau), de quem teve um filho. A pintura possibilitou-lhe grandes vislumbres
no seu processo criativo. Era também uma leitora assídua e conhecia
profundamente os museus e castelos de França e de Itália. Sua cultura foi-se
expandindo muito, tornando-se vasta, profunda e refinada.
Ela nunca fez a usual distinção entre o espiritual e o mundano. Tal como disse
Śrī Aurobindo (§) “
Toda a vida é Yoga (§)” e Mirra assim a considerava
apesar de não conhecer este dizer enquanto dito de Śrī Aurobindo.
Foi então que leu a Bhagavad-Gītā e apesar de ter lido uma tradução
muito pobre foi capaz de intuitivamente entrar no seu propósito. Contudo, não
era nos livros que ela confiava para se guiar, mas sim em suas próprias
experiências que infalivelmente a conduziam a seu caminho.
Mirra nunca acreditou no Deus convencional das religiões; o Deus interno era o
que ela sempre procurava.
Por volta de 1906 conheceu Max Théon, um exilado polonês que era um grande
ocultista, e sua esposa Alma, também altamente dotada espiritualmente. Eles
moravam em Tlémsem, na Algéria, às margens do deserto do Saara. Esse encontro
fortaleceu em Mirra a decisão de estudar o ocultismo em profundidade e os dois
anos seguintes passou-os em Tlémsem.
As suas experiências foram muitas nesse tempo, que lhe revelaram a existência
de níveis de consciência, de seres e forças que normalmente não podemos
conceber e também a possibilidade de controlar essas forças.
Contudo sempre afirmava que o conhecimento oculto sem disciplina espiritual era
um instrumento perigoso.
Voltou a Paris onde o seu casamento se desfez. Era o começo de uma nova etapa
na sua vida na qual se encontrava com pessoas e grupos que estavam à procura da
verdadeira espiritualidade, ela os ajudava a enfrentar os problemas da vida e
do trabalho.
Em 1910 casou-se com Paul Richard, um brilhante intelectual profundamente
interessado na espiritualidade oriental e ocidental. Quando Richard voltou de
uma viagem à Índia, Mirra soube da existência de Śrī Aurobindo através dele e
sentiu-se irresistivelmente atraída por aquele país.
Participou em trabalhos de grupo sobre auto-conhecimento participando mesmo em
palestras e discursos. A visão de Mirra projectava-se no futuro do destino do
homem e no papel que desempenharia para apressar esse destino. Falava sobre
vários temas não como divagações intelectuais mas como verdadeira busca
espiritual.
Em
1912 Mirra, já em avançada realização espiritual, começou a escrever suas
preces e meditações de cada dia, constituindo estas verdadeiras jóias de
espiritualidade dirigida directamente a Deus como se com ele conversasse face a
face e fossem íntimos amigos.
Em 1914 teve finalmente a oportunidade de visitar a Índia quando seu marido
resolveu candidatar-se ao parlamento francês em Pondicherry.
No mesmo dia em que chegou a Pondicherry, Mirra encontrou-se com Śrī Aurobindo (§) reconhecendo-o
imediatamente como o Mestre (Kṛṣṇa) que lhe aparecia em seus sonhos e com o
qual sabia ter forte ligação. Aceitou-o como guru e seguiu a sua disciplina,
permanecendo e trabalhando a seu lado.
A gratidão de Mirra ao Divino foi expressa em seu diário pelas seguintes
palavras:
«Não importa que milhares de seres estejam mergulhados na mais profunda
ignorância. Aquele a quem vimos está na terra. Sua presença é suficiente para
provar que a escuridão será transformada em luz, quando Teu reino for na
verdade estabelecido sobre a terra».
Quando perguntaram A Śrī Aurobindo o que sentiu nesse primeiro encontro ele
disse:
«Foi a primeira vez que soube que a entrega perfeita até à última célula física
era humanamente possível; foi quando a Mãe (§) veio e se prostrou que vi essa
entrega perfeita em acção».
Em Pondicherry ela ficou quase um ano e foi graças à sua colaboração e à de seu
marido que o periódico “Arya”, no qual Śrī Aurobindo escreveu a maior parte dos
seus trabalhos, os mais notáveis, como a “Vida Divina”, “Síntesis do Yoga (§)”, etc., começou a circular. Ao fim
desse tempo o casal francês viu-se obrigado a voltar a Paris dada a eclosão da
I Guerra Mundial. Depois de passar os anos de guerra em França e no Japão (§), Mirra retornou à Índia em 1920,
definitivamente, encontrando sérias dificuldades para reiniciar o seu trabalho
no āśram de Śrī Aurobindo uma vez que havia muita pobreza. Mas com a
continuidade da edição do jornal “Arya” e pela personalidade do autor dos seus
artigos o número de discípulos foram aumentando e foi tomando forma uma vida
colectiva. Nos primeiros tempos e apesar de supervisionar tudo, Mirra, vivia
recolhida, dedicada à séria disciplina espiritual.
Tudo foi melhorando e em 1926, quando Śrī Aurobindo se retirou do convívio com
os seus discípulos para se dedicar por completo à sua prática de Yoga, Mirra
assumiu a inteira responsabilidade de dirigir a comunidade, coordenando e
orientando os discípulos com grande carinho e dedicação.
Com o contínuo influxo de discípulos e muitos visitantes de toda a parte,
outras casas tiveram de ser alugadas e adquiridas e providências tomadas para
conseguir uma organização elaborada que cuidasse tanto da saúde material como
espiritual da comunidade.
No princípio apenas os discípulos eram admitidos mas depois muitas famílias e
mesmo os filhos dos discípulos começaram a mudar-se para o āśram e aos poucos a
atmosfera de austeridade que prevalecia foi-se transformando e velhas barreiras
foram cedendo ante esse novo influxo. Mirra tinha agora mais esse desafio:
cuidar da saúde mental, vital e física das crianças.
Grande era a importância que Śrī Aurobindo e a Mãe davam à educação e para
tornarem concreta essa visão e atendendo às necessidades, a Mãe resolveu abrir
uma escola para crianças em 1943 e em 1945 acrescentou o departamento de
educação física que mantinha os alunos em actividade após o término das aulas.
Não demorou muito para que Mirra se misturasse com as crianças, contando-lhes
histórias e dispensando boa parte do seu tempo entre elas.
A escola cresceu, vários sistemas educativos foram experimentados e em 1952 foi
inaugurado o “Centro Universitário Internacional de Śrī Aurobindo” que em 1959
se passou a chamar “Centro Internacional de Educação Śrī Aurobindo” ficando
assim conhecido pelo mundo inteiro.
Pela
sua experiência e génio de organização, o Āśram de Śrī Aurobindo (§) foi se expandindo e o
trabalho desenvolvido pela Mãe (§) cresceu cada vez mais em
volume e complexidade. Para ela não havia tarefa insignificante ou sem
importância e tudo o que fazia era permeado de beleza e significação
espiritual. Suas “conversas” com os discípulos tornaram-se famosas e mais tarde
foram traduzidas e espalhadas pelo mundo. Originalmente em inglês, depois foi
em francês, língua que a Mãe começou a ensinar aos discípulos. Ela versava
sobre os mais variados tópicos que seriam praticamente a introdução ao “Yoga (§) Integral” de Śrī Aurobindo.
Ainda hoje é de admirar como foi possível a essa criatura tão frágil, que se
alimentava tão pouco e dormia ainda menos, conservar tantas e delicadas
engrenagens movendo-se sem atrito ou fricção e conseguir conciliar tantos
temperamentos, raças e idades variadas, vindos de todos os recantos do mundo,
com tanta eficiência e harmonia. A Mãe não era apenas uma admirável e
competente organizadora, não meramente uma grande líder espiritual que, com seu
exemplo guiava os discípulos, mas acima de tudo era a Mãe que conservava juntas
todas as pessoas e coisas do āśram, como por laços invisíveis, com o poder de
transformar a vida em alegria de viver e com sua ilimitada ternura, de fazer as
pessoas felizes, contentes, fiéis e obedientes.
Śrī Aurobindo disse uma vez: «O Āśram é criação da Mãe, sem ela, não teria
existido».
No dia 17 de Novembro de 1973, a Mãe deixou o seu corpo físico, com a idade
avançada de 95 anos. A notícia espalhou-se célere e dos quatro cantos do mundo
acorreram seus admiradores e discípulos para prestar a última homenagem àquela
que ficou conhecida como a Mãe, do Āśram de Śrī Aurobindo.
«... e eu Te vejo em todo ser, em cada coisa, desde a brisa mais passageira,
até o Sol radiante que nos ilumina e é Teu símbolo».
A Mãe
Texto adaptado do livro: A Mãe – Conversas - Editora Shakti
fonte- http://www.fundacaomaitreya.com/artigo.php?ida=284
Mira Alfassa, posteriormente chamada a Mãe, nasceu
em Paris em 21 de fevereiro de 1.878. Desde a infância revelou seu imenso
potencial espiritual, embora sua vida tenha seguido, primeiramente, o curso de
linhas comuns. Mira estudou, casou-se, tornou-se mãe. Dotada de grande talento
artístico, dedicou-se ao desenho, à pintura e à música. Mas principalmente
vivia à procura de Deus, da Verdade, da Unidade. Por volta de 1.912, reuniu-se
à sua volta um grupo empreendido no trabalho de autoconhecimento e autodomínio.
Em 1.914 viajou para a Índia, onde encontrou, em
Pondicherry, Śrī Aurobindo. Identificando-se espontânea
e totalmente com a grandiosa visão e busca espirituais de Śrī Aurobindo, ela
sabe imediatamente que seu lugar e seu trabalho são ao lado dele. É em 1.920,
passada a guerra mundial que a obrigou inicialmente a voltar para a França, que
ela vai definitivamente para Pondicherry.
Juntando-se aos discípulos que estavam em torno de
Śrī Aurobindo, dedicou-se, nos seis primeiros anos, à intensificação e
aperfeiçoamento de sua disciplina espiritual. Quando, em 1.926, Śrī Aurobindo
se retirou da convivência direta com os discípulos, ele entregou à Mãe a
orientação e também a direção e organização concretas da comunidade que estava
começando a se formar. Este foi o início do Śrī
Aurobindo Ashram, que teve na Mãe a presença central, a força
efetuadora a partir da qual tudo cresceu e se ordenou.
Em inteira concordância com Śrī Aurobindo, que via
na união de interior e exterior a condição necessária para o indivíduo chegar
ao desenvolvimento integral de si, ela introduziu, na vida da comunidade, como
meios indispensáveis de expressão e realização espirituais, o trabalho, a
educação física, as artes e outras atividades. Colocou, também, a busca e a
pesquisa de uma nova educação no centro da vida do Ashram, fundando em 1.942 a
escola que passa a ser, em 1.952, o Centro Internacional de Educação Śrī
Aurobindo. Este centro realiza até hoje, contando com professores e alunos de
várias nacionalidades, uma experiência em crescimento integral, denominada
“livre progresso”, aplicando os princípios educacionais desenvolvidos por Śrī
Aurobindo e a Mãe.
O Śrī Aurobindo Ashram – que hoje conta com cerca
de 2.000 pessoas não só da Ásia, mas de todos os continentes, principalmente da
Europa e América do Norte – abrange, além do campo da educação, muitos outros
setores e serviços, tais como os de construção, alimentação, transporte, arte,
tecelagem, secretaria, correio, fabricação manual de papel, indústria de
algodão, etc. Em 1.968, com o incentivo e a determinação da Mãe, foi iniciada a
construção de Auroville,
cidade-modelo internacional, reconhecida e apoiada pela Unesco, destinada a
realizar vivencialmente o ideal da Unidade Humana.
Sem se afastar da consciência desse trabalho de
elaboração e aperfeiçoamento do todo, a Mãe vinha se dedicando, nos últimos
anos, à realização de experiências espirituais pioneiras, referentes à
transformação do corpo físico. Encontrando-se cada vez mais em condições
físicas delicadas, a Mãe faleceu em 17 de novembro de 1.973.
fontr- http://www.iccfh.net.br/index.php?option=com_content&view=article&id=229%3Amira-alfassa&catid=44%3Abiografias&Itemid=1
Estrela
de Maria
29
de Abril de 2011
AutresDimensions
Meu apelido era Mãe, eu vou
manter este apelido.
Irmãos e Irmãs amados, obrigada
por sua presença, obrigada por seu acolhimento.
Eu venho expressar-me enquanto Estrela de Maria sobre a Atração.
A Atração é o que permite sair da Ilusão e entrar na Verdade.
Isso necessita, de minha parte, inicialmente, esclarecimentos quanto às
definições dessas palavras.
A Verdade que eu falo não é a verdade de cada um porque, de fato, cada um tem
sua própria verdade, que não é a verdade do outro.
Eu falo, evidentemente, da Verdade absoluta, aquela da Luz e de suas
qualidades.
As qualidades da Luz sendo a Transparência, a Humildade, a Simplicidade e a
Inteligência.
A Inteligência não tendo nada a ver com a inteligência humana.
Como lhes foi dito por NO EYES, o eixo VISÃO-ATRAÇÃO representou o eixo sobre o
qual se apoiou o confinamento, opostos à Atração e à Repulsão.
A Atração que eu quero lhes falar é bem diferente da sedução ou do ímpeto.
A Atração que eu quero lhes falar conduz à Intenção e à Atenção de Luz e de
Verdade absoluta.
A Verdade absoluta está ligada às qualidades intrínsecas da Luz, do Amor e nada
tem a ver com sua verdade pessoal, a verdade de cada um ou o que pode ser
conhecido quanto ao Amor e à Luz, ou percebido quanto ao Amor e à Luz.
A Atração que eu falo é aquela do Coração, diretamente reconectada à visão do
Coração, ao Fogo do Coração, vindo romper o Fogo Luciferiano, o Fogo do desejo.
Esta Atração não é uma ação.
Esta Atração aproxima-se do que é denominado Ahimsa, ou seja, o ‘não desejo’.
O não desejo não é esconder seus desejos.
O não desejo não é um desejo constrangido.
O não desejo é um ‘estado’ diretamente religado à Visão do Coração permitindo
estabelecer-se na Unidade, na Profundez e permitindo superar a verdade pessoal
e a ilusão pessoal.
A ilusão pessoal é constituída pela ilusão da personalidade, pela ilusão do Eu,
pela ilusão dos ímpetos, desejos existentes em toda vida humana, desde sua
presença sobre esse mundo.
Esse mundo é Ilusão, Maya.
Ele é conduzido pelo desejo existindo em meio ao eixo desviado ATRAÇÃO-VISÃO.
Este círculo vicioso, este confinamento, como vocês o sabem, está rompido.
O encanto rompeu-se para alguns que descobriram a Dimensão de Eternidade,
denominada Estado de Ser, Fogo do Coração, Fogo do Espírito.
A Atração que eu falo é então um estado de não desejo, para não confundir com o
desejo do ego, com o ímpeto do ego, com a sedução do ego.
O não desejo é um estado de não espera, é um estado de vacuidade onde a Luz
pode agir, onde se revela então o Fogo do Espírito (pela Inteligência, pela
Humildade, pela Simplicidade) que vem substituir, eu diria, todas as mãos, as
ações da personalidade.
O Fogo do Coração, qualquer que seja seu lado ardente, vem pôr fim ao Samsara,
à ilusão e ao Ahimsa, o desejo.
Neste estado predomina o que é denominado a Alegria, o Samadhi, a Paz.
É um estado de plenitude, chamado também de completitude, onde mais nada pode
ser desejado no exterior de si.
A Realização do Si não tem que agir e, no entanto, ela é ação.
A Realização do Si não tem que desejar.
Ela entra na Atração inelutável da Luz para aquele que vive a Humildade, a
Simplicidade e a Inteligência.
A Ilusão está ligada ao desejo, à falsificação da ATRAÇÃO-VISÃO tendo
substituído o eixo AL-OD, tendo criado, literalmente, a personalidade
aprisionada, cortada, separada da A FONTE e do estado de Plenitude.
A personalidade é, e será sempre, marcada, por esse princípio de confinamento,
pela não satisfação dos desejos reproduzindo-se ao infinito, quaisquer que
sejam esses desejos.
Eu digo sim quaisquer que sejam esses desejos.
Que esse desejo se exprima ao nível de inclinações denominadas inferiores (como
as drogas, como o álcool, como a sexualidade de tipo animal), como os desejos
os mais elevados (espirituais, entre outros, esotéricos, se vocês preferem).
Muitos mestres, dos quais SRI AUROBINDO, teriam falado: o estado de não desejo
é indispensável para a realização do Ser.
Esclarecer os desejos, podar os desejos, não conduzir ao não desejo, mas
permitir acelerar o processo de não desejo manifestando-se em meio ao Fogo do
Coração.
O não desejo é o estado em que predomina a Atração pura da Luz, não enquanto
busca exterior, não enquanto conceito, não mais enquanto percepção, mas
enquanto estado de Plenitude acompanhando-se, ao nível da Consciência, de um
sentimento de vacuidade, permitindo o estabelecimento, por esta vacuidade, do
estado de Sat Chit Ananda.
A Atração, quando ela rompe o círculo vicioso da Ilusão, dos desejos, vai
permitir redirecionar o Eixo e ajustar a Cruz da Redenção.
Isso passa, é claro, por uma Virtude essencial, mas não suficiente, denominada
Aqui e Agora porque o desejo é sempre procedente de uma insatisfação ou de uma
necessidade de satisfação e então, de alguma forma, de uma projeção da
consciência fora do tempo presente, fora do instante.
Não pode ser encontrado não desejo em qualquer projeção, em um futuro ou em um
passado.
Visto que o passado é o impulso do desejo e o futuro é a projeção do desejo
para sua realização.
Ahimsa, não desejo, necessita já um esforço no Aqui e Agora.
Não um esforço do Aqui e Agora na meditação, mas o Aqui e Agora presente a cada
instante.
Este estado de Presença a si mesmo, no Aqui e Agora, é uma das condições
prévias ao desaparecimento do desejo e não do seu controle, ou seja, ao
aparecimento da Atração final à Luz, não sendo mais um desejo, mas realmente,
como o disse minha Irmã Hildegarda, uma tensão para o Abandono.
Esta tensão para o Abandono reenvia à Repulsão da Ilusão.
Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação por um desejo.
Vocês não podem fazer desaparecer a ilusão da encarnação pela morte já que há
reencarnação.
A única maneira de fazer desaparecer a ilusão da encarnação é justamente estar
Presente nesta encarnação e não mais estar Presente nem no passado, nem no
futuro.
É, de certa forma, parar o tempo.
Parar o tempo conduz ao Ahimsa, o não desejo.
O não desejo coloca-os em Vacuidade, esvazia-os do que não está no instante
presente, de suas próprias emoções, de suas próprias seduções, de sua própria
verdade, mais frequentemente não oriunda de suas experiências, mas unicamente
de crenças e de condicionamentos.
A crença e o condicionamento encontram sua origem em seu passado, denominado
educação ou mesmo experiências passadas de sua vida, e se traduzem por uma
adesão afastando-os do instante presente.
O instante presente não é jamais referência em relação a uma experiência
passada e ainda menos em relação a um resultado futuro.
O não desejo começa a aparecer paralelamente à Visão do Coração.
A Vacuidade permite a instalação, como o dizia SRI AUROBINDO, a descida do
Supramental na cabeça e agora, desde a liberação do Sol, diretamente no
Coração.
O Coração é um estado do Ser além da personalidade, o que quer dizer que a
personalidade não permitirá jamais viver o não desejo e o Coração.
A personalidade não é a ferramenta que conduz ao Coração.
Ela é o obstáculo.
O corpo físico é o receptáculo e o templo da Luz, qualquer que seja sua ilusão,
porque seu Espírito está confinado nesse Corpo como no Sol.
Silenciar a personalidade não pode se obter pelo constrangimento, porque o que
se opõe, reforça.
É uma lei geral em meio à dualidade.
O Espírito é livre.
O Espírito é a Vacuidade.
O Espírito é a Supraconsciência.
A instalação do Aqui e Agora permite se aproximar do redirecionamento do eixo
Atração-Visão falsificado e de substituí-lo pelo AL-OD, o Caminho, a Verdade e
a Vida, o Alfa e o Ômega.
É uma condição prévia, permitindo, pouco a pouco ou brutalmente, fazer cessar a
ilusão do Eu e de qualquer desejo.
Quando a Consciência está centrada no instante, integralmente, nenhum desejo,
nenhuma projeção, nenhum medo pode se manifestar.
Isso se denomina ‘entrar no Presente’, que é a etapa anterior à Paz e ao
Samadhi.
Sair de sua Verdade é sair das personalidades múltiplas do Ser, das crenças
múltiplas, dos condicionamentos múltiplos do Ser e então das verdades oriundas
não da experiência, mas das crenças.
O instante presente não tem que fazer suas verdades, como o instante presente
não tem que fazer sua personalidade.
Não é jamais a personalidade que os conduzirá a viver o não desejo porque a
personalidade é o corpo de desejo, denominado corpo astral e corpo mental.
Existe uma barreira intransponível, denominada corpo causal, aí onde se
inscreve a lei de karma pertencendo à Ilusão e à Verdade desse mundo, mas
certamente não do Espírito.
É preciso superar esses diferentes estratos ou essas diferentes camadas, que eu
denomino ‘personalidades múltiplas’, para instalarem-se no Presente.
O Presente não é somente um estado de meditação ou de Vacuidade.
A Vacuidade resulta do instante presente.
Não é porque vocês esvaziam seus pensamentos, suas emoções, seu passado, suas
projeções no futuro que a Atração nasce.
É uma primeira etapa, mas ela não é suficiente.
A etapa essencial não acontece nesses estados Interiores e nesses espaços
Interiores, mas acontece, definitivamente, na ‘conduta’ de sua vida exterior.
Sair da Ilusão é já não mais se mentir porque a partir do momento em que vocês
não mentem mais a vocês mesmos, vocês não podem mentir aos outros.
O que significa não se mentir?
Isso significa ver-se claramente enquanto personalidade portadora de certo
número de verdades que não são a Verdade, mas que são as adesões procedentes de
crenças, procedentes de feridas, procedentes de condicionamentos, procedentes,
de maneira geral de seu passado.
Dito ainda de outra forma, vocês não são seu futuro.
Vocês são a ilusão desse passado, a ilusão desse futuro, dando-lhes a ilusão de
suas próprias verdades.
Desiludir-se é ver-se claramente.
Os motores são: a Humildade e a Simplicidade.
Bem além dos comportamentos mostrados e dados a mostrar aos seus Irmãos e
Irmãs, mas já no que diz respeito a vocês mesmos.
Aceitar ver-se sem julgamento, sem culpabilidade, com alegria e leveza porque a
leveza são as primícias da Alegria.
A personalidade não pode conhecer qualquer alegria, ela apenas pode conhecer a
satisfação de um desejo oriundo de uma projeção ou de uma crença.
A origem da Alegria autêntica denominada Samadhi consiste já em sair de suas
próprias ilusões com relação às suas próprias verdades.
Esse é um mecanismo de transcendência da Verdade, de aceitação de que o
conjunto do que vocês são não é o que vocês creem, procedente de um passado,
procedente de uma pessoa, procedente de um papel, de uma função ou de um fazer.
É preciso, de algum modo, persuadir vocês mesmo de que vocês não são nada
disso.
É aliviarem-se do peso de todas as crenças relativas ao que vocês são,
relativas ao mundo, relativas às aparências desse mundo, para penetrar A
Verdade.
Naquele momento, vocês aceitam lamentar suas próprias verdades e sua própria
ilusão.
Vocês começam a desprender-se de seu corpo de desejo, de seu corpo de projeção
mental, para dar lugar à instalação da Vacuidade preenchendo-os de Luz, nesta Atração
à Luz, nesta tensão para o Abandono que é uma forma de Repulsão de tudo o que
não é a Luz, ou seja, de tudo o que é esse mundo, mantendo-se nesse mundo
porque seu Corpo ali está e porque ele é o templo onde se constrói o Ilimitado.
Esta construção está presente, por toda eternidade, apesar da falsificação.
Há apenas um falta de conhecimento do Ser.
Os fatores os mais importantes desta ignorância do Ser são as próprias adesões
do Ser, ele mesmo, às suas próprias ilusões e às suas próprias verdades,
existindo apenas o tempo da crença, fazendo-os passar de um marido a outro
marido, de uma religião a outra religião, de uma situação a outra situação, de
uma emoção a outra emoção.
O não desejo é anterior à instalação da Paz depois da Alegria.
Enquanto existe o menor desejo, vocês ficam submissos ao fogo Prometéico da
Ilusão, Fogo Luciferiano.
E vocês basculam da Atração à Repulsão, em amor, em sentimentos, em ações.
Viver a Atração da Luz é sair da ilusão da luz, é aceitar que tudo o que lhes é
dado a ver, tudo o que lhes é dado a perceber nesse mundo, não é a Luz.
É também colocar como aceitação, e não como crença, com relação à Ilusão desse
mundo, sem, contudo, rejeitar a Vida.
Pelo contrário, é encontrar a Vida.
Sair de sua própria ilusão, sair de suas próprias verdades conduz ao fim da
Ilusão e à instalação da Verdade da qual os pilares, eu lembro a vocês, são: a
Humildade, a Simplicidade e Aqui e Agora.
Naquele momento, e devido à chegada dos três constituintes da Luz, Verídica,
Vibral, então, naquele momento, e unicamente naquele momento, qualquer que seja
o apelo que vocês tenham vivenciado, da Luz (cuja testemunha é a Coroa Radiante
da cabeça), vocês poderão instalar-se no não desejo, na Paz e na Alegria.
Naquele momento, e somente naquele momento, vocês poderão sair totalmente de
suas ilusões e de suas verdades, porque vocês irão se tornar a Verdade enquanto
Filho Ardente do Sol Ki-Ris-Ti.
Isso requer certo número de perdas ou, se vocês preferem, de desilusões de
vocês mesmo, da conduta de sua vida, da conduta de suas relações, da conduta de
seus apegos, de suas ligações e de seus confinamentos.
Estar lúcido, sem culpabilidade, porque viver o não desejo é Alegria e Leveza e
não constrangimento e peso, porque não é a personalidade que decide, são vocês
que decidem se colocar como observador de sua própria personalidade.
Naquele momento, vocês estão conscientes de que quando há um desejo ou uma
emoção, vocês constatam que vocês não são este desejo, que vocês não são esta
emoção.
Há então um distanciamento indispensável e anterior ao que se manifesta sua
personalidade, permitindo-lhes apreender de que vocês não são isso.
Tudo isso representa etapas indispensáveis ao estabelecimento do Fogo do
Coração.
Dito em termos mais simples, isso pode se denominar o Abandono à Luz, hoje
desenvolvido pela revelação e pelo desvendamento das doze Estrelas,
permitindo-lhes, de maneira muito mais ativa e passiva, penetrar o Fogo do
Coração.
Não há nada a desejar que não esteja já, com relação ao Estado de Ser.
Não há nada a desejar para um futuro, porque tudo se vive no instante presente.
O tempo, como muitos de vocês disseram, é uma ilusão total, ao qual a crença
deu corpo, tornando ainda esse corpo envelhecido e morto, mas de fato a
Consciência não morre jamais, mesmo em seu confinamento.
O problema é sua identificação ao seu confinamento e então ao peso, e então ao
desejo, qualquer que seja este desejo.
O estabelecimento da Atração à Luz e então da Repulsão de tudo o que não é a
Luz, ainda uma vez, não é uma negação da Vida, mas, pelo contrário, uma
aceitação total e integral da Vida, em todos seus constituintes, na condição de
não ali se identificar, de recusar qualquer identificação ao que é ilusório,
efêmero e não eterno.
Naquele momento, vocês estarão prontos para viver o abrasamento do Coração.
A Ilusão Luciferiana, Prometéica, o corpo de desejo, o corpo de projeção, o
corpo causal serão queimados pelo Fogo do Espírito, mantendo-se esse corpo, no
momento.
O corpo terá sido, portanto, o receptáculo físico da manifestação do Espírito,
da Eternidade.
Isso é especialmente facilitado, como eu disse, pela liberação do Sol, mas
também pela fusão dos Éteres, em curso atualmente.
O mês de maio será certamente o mês mais propício para viver e realizar isso.
Distanciando-se do ilusório e do efêmero, distanciando-se de sua personalidade
e de seus próprios desejos, de suas próprias ilusões e de suas próprias
verdades, então, vocês poderão sair da Ilusão e entrar na Verdade, e se
beneficiar quanto aos seus efeitos.
Quais são esses efeitos?
Eu os desenvolvi: não desejo, Paz, Alegria, completitude e plenitude.
Isso lhes permitirá desidentificar-se totalmente de sua própria personalidade,
mantendo a Alegria e a vida desta personalidade, nos tempos que restam a
transcorrer em meio a esse mundo.
Hoje há muito, nesse mundo, menção de “Eu sou”.
“Eu sou” não é o Si.
“Eu sou” é uma afirmação da personalidade.
Viver o Si é justamente o inverso de “Eu sou”.
Ou então: “eu sou aquele que eu sou”, distanciando-se do “eu sou”.
O “eu sou” ou “I am” não tem nada a ver com a Presença da Eternidade.
É a presença do ego colocada em seu paroxismo.
Viver a Verdade da Luz poderia ser eventualmente: “eu não sou” ou “eu não sou
nada”, o que não é realmente a mesma coisa.
O Si não pode se afirmar enquanto “eu sou”.
O Si vive-se pela Paz, pelo não desejo e pela Alegria e não por qualquer
decreto ou por qualquer proclamação de um estado ilusório.
Muitos ensinamentos, hoje, visam utilizar o Supramental em benefício do ego.
Nesses tempos finais em que SRI AUROBINDO disse, ‘haverá muitos chamados e
poucos escolhidos’, é importante estabelecer os fundamentos da Verdade, não
para denunciar a Ilusão, mas sim para elevar-se além desta Ilusão, não para
negá-la, mas para superá-la, o que não é a mesma coisa.
Atração.
Atualmente, a passagem do Fogo em suas Lareiras, o aparecimento do Fogo sobre a
Terra e em seu Céu, representados pelas irradiações gama, vão induzir um
despertar profundo do Fogo do Espírito, ao qual irá se opor o Fogo Prometéico
ou Fogo ‘por atrito’, refletindo-se, sobre a Terra, por comportamentos
diametralmente opostos.
Aquele do ego é da ordem da reivindicação.
Reivindicação da liberação, reivindicação do “eu sou”, reivindicação da própria
liberação, mas não liberação, porque apego.
E, de outro lado, o Fogo do Espírito, transcendência e imanência, não desejo,
Alegria.
Não há duas maneiras de sair da Ilusão, há apenas uma.
É isso que eu vim dizer a vocês.
Eis o que eu tinha para desenvolver com relação à Atração e sua localização no
triângulo Prometéico redimido, prefigurando sua própria redenção total, seu
futuro após o Fogo do Espírito e o Fogo da Terra.
Ninguém pode fugir dele mesmo, no que ele crê e no que ele é, em Verdade.
É esse trabalho que, de fato, reingressa o não desejo, que se realiza ou não em
vocês.
Se vocês têm perguntas em relação a isso e somente em relação a isso, então eu
ali respondo.
Pergunta: em caso de subir novamente o ego, é justo dizer: “eu não sou nada”?
Completamente.
De observar, de olhar o que sobe, mas, sobretudo, de bem considerar que vocês
não são isso.
A identificação da elevação do corpo de desejo ou do corpo de projeção,
procedente de suas feridas ou de condicionamentos do ser humano, afasta-os do
não desejo e os levam para o desejo.
Dito de outra forma, vocês não são o Eu.
Vocês são algo bem maior que não é desse mundo, mas vocês não podem ser o Eu e
ser outra coisa.
Vocês podem dizer: “eu sou o Alfa e o Ômega”.
Pergunta: se um desejo aparece, conscientemente, como não viver a frustração?
O desejo está ligado, justamente, a uma frustração.
Constranger o desejo reforça a frustração.
Não há então que lutar contra o desejo que o reforça.
Não há tampouco que sucumbir ao desejo.
Trata-se de um processo de se desvencilhar do desejo.
O desejo é feito para fazê-los sair do instante, recorrendo a uma satisfação
situada no instante seguinte, qualquer que seja este instante seguinte.
Imagine que se encontre diante de vocês, sobre uma mesa, o objeto que vocês
desejam acima de tudo, que lhes daria o máximo prazer de consumir, de possuir,
o que é exatamente o mesmo, que isso seja um objeto ou um ser humano.
Renunciar não quer dizer frustrar-se.
É já sair do desejo, não recusando o desejo, não o aceitando, mas tomando
consciência de que vocês não são este desejo que pertence ao seu corpo de
desejo, que não é você mesmo.
Enquadrando-se novamente no instante, vocês sairão da projeção deste desejo
vindo do passado, de um condicionamento, de uma crença ou de uma ferida, o
corpo de projeção ou corpo mental, pouco a pouco, abandonará o processo.
O desejo esvanecer-se-á por ele mesmo.
A satisfação do desejo reproduz o desejo.
A frustração do desejo reproduz o desejo.
Se vocês aceitam ver-se em todas as partes de si mesmo, ilusórias, nos
diferentes corpos que eu acabo de falar, pouco a pouco, pelo fato mesmo de se
ver e de aceitar verem-se, vocês entrarão em distanciamento e mesmo em recusa,
em desidentificação do Eu, para penetrar, através da Humildade e da
Simplicidade, na inteligência da Luz e em sua dimensão de Eternidade.
“Eu não sou nada” ou “eu sou Tudo”.
O que não é: “eu sou”.
Sendo o Tudo, vocês não podem ser uma parte expressando um desejo, porque o
Tudo não precisa de nada além de Ser.
Pergunta: e quanto a não sentir desejo em períodos de “depressão”?
Beneficiem-se deste período de não desejo para percorrer o caminho do Ser.
A depressão é a negação do desejo, o que não quer dizer que não há qualquer
desejo.
Estes estão frustrados, isso não é o não desejo, como parte da depressão.
Isso não é o Ahimsa, mas o lado oposto do desejo, que não foi satisfeito, e que
se manifesta pela autofrustração ou pela autopunição.
É o mesmo quando o desejo não pode ser satisfeito.
Naquele momento, vai aparecer um não desejo, mas que é apenas uma frustração,
porque, nesse caso da depressão e da frustração, há uma ‘queixa’, devido ao não
desejo.
Na Verdade do Ser, há não desejo e plenitude, isso é profundamente diferente.
Pergunta: na noção de desejo, vocês incluem as necessidades / desejos
essenciais, como dormir?
O desejo de dormir não é um desejo, mas uma necessidade, conferida pelo corpo.
É preciso não confundir o desejo e a necessidade.
No que se refere, por exemplo, à sexualidade, vocês irão ‘disfarçar’ o desejo
em necessidade.
Não existe necessidade, neste nível, existe apenas um desejo.
Pergunta: ao nível da nutrição, ao nível da água, existe uma necessidade
também.
Sim, mas às vezes essa necessidade pode assumir, aí também, a máscara do
desejo.
Pergunta: como diferenciar uma necessidade e um desejo?
A necessidade é uma evidência corporal.
O desejo é uma evidência do corpo de projeção ou do corpo de desejo.
Se há sintomas reais de falta de nutrição, então, vocês irão experimentar o
vazio e seu corpo lhes dirá, pelos sintomas que lhes são próprios, que ele
precisa comer.
Se vocês começam a salivar, sem ter fome, diante de um alimento que lhes é
apresentado, isso é um desejo e não uma necessidade.
A necessidade não é expressa por outra coisa além do corpo.
Ele traduz a necessidade no sentido ‘fisiológico’.
Quando vocês dizem: “eu preciso respirar”, em relação a uma situação, ou: “eu
necessito de ar”, é um desejo ou é uma necessidade?
É a mesma problemática.
A necessidade é fisiológica e está inscrita no corpo.
O desejo está inscrito no ‘corpo de desejo’ e não no corpo.
Novamente, frequentemente, o desejo se disfarça em necessidade.
Mas a diferença essencial situa-se na demanda do corpo.
Se nós tomarmos o exemplo da sexualidade, o caso mais comum para o ser humano:
vocês veem uma pessoa, seu corpo pode reagir sem que vocês tivessem o menor
desejo, isso chega.
É uma necessidade.
Mas essa necessidade, no entanto, será satisfeita?
Porque há uma necessidade, concordo.
Naquele momento, a necessidade vai se transformar em desejo e em frustração.
Vocês podem sentir um desejo, no campo da fantasia, sem qualquer necessidade.
Trata-se do ‘corpo de desejo’ e não do corpo físico.
Compreendam bem que, quando vocês descobrem e vivem o Fogo do Coração, o Ahimsa
(não desejo, Paz e Alegria), vocês podem comer por prazer, mas sem desejo.
Nada é proibido.
Simplesmente, é preciso definir a origem e o fim de um ato ou de um
acontecimento.
Em um caso, há não desejo, o Ahimsa, então, as coisas são claras: a Consciência
vê claramente a ausência de necessidade, a ausência de desejo, mas nada a
impede de se privar de um prazer que não seja um desejo.
Pouco a pouco, ou brutalmente, não haverá sequer necessidade de manifestar este
prazer, traduzindo-se então por modificações espontâneas de comportamentos
quaisquer que sejam, alimentares, sexuais ou outros.
Isso não é uma frustração, mas vocês são, literalmente, nutridos pela Luz.
Naquele momento, efetivamente, pode-se muito bem não mais ali ter necessidade
de dormir, de comer ou mesmo de respirar.
Pergunta: como diferenciar necessidade e desejo na participação deste tipo de
estágio?
Isso é pessoal.
Se não há necessidade, se não há desejo, então é um ‘prazer’.
Mas este prazer, como todo prazer, é supérfluo.
Dessa maneira então, efetivamente, vocês não têm necessidade de nada para
realizar o Si.
Mas ainda é preciso ser capaz de se desvencilhar sozinho de tudo o que é a
personalidade.
A dinâmica de grupo permite justamente essa abordagem, porque os outros são todos
‘espelhos’ reenviando-nos a nós mesmos e, portanto, ao Eu que não é o Si.
A solução ou a resposta à questão é simplesmente: você está na Alegria ou você
não está na Alegria, o que você faz?
Pergunta: o que pode agradar à personalidade que não gosta necessariamente da
individualidade espiritual?
Há apenas a individualidade que pode responder.
Lembrem-se também de que eu falei de ‘personalidades múltiplas’ e que muitas
vezes a individualidade chamada a si é apenas um reflexo de outra personalidade
presente em meio à personalidade.
Como distinguir?
Isso não é, neste caso, pelo não desejo (que pode ser sugerido pela
individualidade que é, de fato, uma personalidade complexa), mas pela Paz e
pela Alegria, e, principalmente, pela transparência.
Em meio à transparência, não pode existir o menor conflito entre uma
personalidade e uma individualidade, que não existe.
Pergunta: pode-se dizer: “eu sou a Fonte em busca dela mesma”?
Não há qualquer busca.
A busca é uma ilusão do ego.
Há desvendamento e revelação.
Esta revelação não é uma busca, ela é uma ‘estado’.
Buscar é concordar com o peso da personalidade.
Não há nada a buscar que não esteja já.
Sobretudo agora.
Pergunta: poderia desenvolver sobre a noção de transparência?
A transparência é deixar passar a Luz.
Não mais manifestar resistência.
Tornar-se transparente necessita não mais existir, não mais reivindicar o que
quer que seja.
É tornar-se, efetiva e concretamente, a Luz.
A transparência que eu falo é, evidentemente, em relação à transparência de um
vidro.
É exatamente a mesma coisa.
O ego, ligado ao fogo do ego, é o fogo da resistência à transparência, ligado
ao isolamento e ao confinamento na ilusão.
O ego existe pela ‘resistência’ porque se ele não tivesse resistência e
transparência total, naquele momento, vocês iriam se dissolver totalmente na
Luz e viver a Alegria e o Samadhi.
Pergunta: a atividade sexual é, no entanto, o suporte da reprodução, da
criação.
Eu responderei muito simplesmente.
Se os seres humanos tivessem parado de procriar, a Ilusão não mais existiria.
Isso explica porque a grande maioria dos Seres despertos, total ou
parcialmente, homem ou mulher, nunca teve descendência, exceto o Cristo, por
outras razões.
Pergunta: isso significa que o desejo de se reproduzir não está ligado à criação
original?
Absolutamente não.
Nos mundos Unificados, vocês se criam vocês mesmos.
Vocês não passam por uma filiação biológica.
Nos mundos livres de carbono, a procriação, no sentido em que vocês a entendem
e a concebem e a praticam, não existe absolutamente.
Quando Maria lhes disse que vocês são seus filhos, vocês saíram de seu ventre?
Maria não é absolutamente sua mãe, em Espírito.
Vocês são os filhos do Um, os filhos de A Fonte.
Pergunta: como, nos mundos Unificados, nós mesmos nos criamos?
Eu não compreendo a pergunta.
Criar-se a si mesmo nos mundos Unificados é não passar por uma filiação
biológica.
Ser os filhos de Maria corresponde à carne, isso não quer dizer que Maria deu à
luz, mas que vocês são portadores de sua carne, como vocês são portadores de
Cristo, dos Arcanjos, da mesma maneira.
Nos mundos Unificados vocês criam um corpo, vocês manifestam esse corpo,
instantaneamente.
Nos mundos em carbono ditos Unificados, há gestação, mas esta gestação
corresponde a uma necessidade.
Os corpos de carbono têm uma duração de vida que não é eterna, contrariamente
aos outros corpos.
Uma Consciência livre, manifestando-se em um corpo, decide deixar um corpo e
reinvestir em outro corpo.
Este outro corpo vai então recorrer aos genitores, que o aceitaram, mas que não
o decidiram pelo desejo, prazer ou reprodução.
Raros são os seres humanos que podem dizer entender uma alma querendo falar com
eles.
Mas isso nos afasta, aí também, do que eu falo.
Eu lhes agradeço de retornar ao que eu falei.
Nós não temos mais perguntas, nós lhe agradecemos.
Então juntos, vivamos nossa Graça e nosso prazer de estarmos juntos.
Que as bênçãos do Um os sigam e os conduzam.
Mensagem da Amada MÃE (Mira
Alfassa) no site francês:
29 de abril de 2011
(Publicado em 30 de abril de
2011)
Tradução para o português: Zulma
Peixinho
http://portaldosanjos.ning.com
(A Mãe, Preces e Meditações, p.236)
http://conversasdavida.blogspot.com.br/2009/08/paz-paz-sobre-terra.html
http://www.portaldosanjos.net/2011/01/mira-alfassa-mae.html
http://www.fundacaomaitreya.com/artigo.php?ida=284
http://agharta-mundointerior.blogspot.com.br/2012/04/o-silencio-por-mirra-alfassa-mae.html
http://gdesantis-poemas.blogspot.com.br/2011/12/mirra-alfassa-mae-biografia.html
http://varna.zip.net/arch2010-12-05_2010-12-11.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Mirra_Alfassa
http://yogainstitutoaravinda.blogspot.com.br/2011/02/mirra-alfassa-artista-e-musicista.html
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