Sri Ma Anandamayi é mais uma das grmaniXX. Seu nome de família era Nirmala
Sundari Devi, nasceu na Índia em 30 de Abril de 1896 em uma vila onde hoje é
Bangladesh. Sua família Brahmane com certo prestígio, porém sem grandes posses
possibilitou-lhe uma infância alegre, tornando-se uma menina de encantadora
beleza e muito querida por todos que à conheciam.
Não havia completado ainda 13 anos de idade quando foi casada com Sri Ramani
Mohan Chakravarty, que mais tarde passou a ser conhecido como Bholanath, por
ser esse o nome pelo qual Sri Ma costumava chamá-lo. Conforme o costume, a
criança-noiva foi viver sob o teto da família do marido, foi para a casa do
irmão do noivo, onde viveu durante 4 anos. De uma infância alegre e
descontraída foi atirada em uma situação onde lhe era exigida disciplina e
dedicação à novas responsabilidades, ajudando sua cunhada nos trabalhos da
casa: lavar, limpar, cozinhar, carregar água, etc. Mas nada disso alterou o
semblante nem diminuiu o bom-humor daquela jovem que sempre se demonstrava
feliz em ser útil. Tal simplicidade e alegria chegou a preocupar um pouco sua
nova família, pois poderia ser o indício de uma mente simplória. Levou algum
tempo para que percebessem que se tratava de alguém muito bem centrada e
equilibrada, obediente porém não sugestionável por outros, alguém de admirável
compaixão por tudo e por todos; família, vizinhos, animais e plantas. Aqueles
que a conheciam podiam sentir o toque mágico de seu sincero interesse pelo bem
estar de todos.
Ao completar 18 anos, com o mútuo consentimento de ambas as famílias ela
mudou-se para Ashtagram para ficar com o marido onde ele vivia e trabalhava.
Muito foi escrito e comentado à respeito da pureza e perfeito celibato deste
casamento, porém são palavras inadequadas já que não foram levantadas por quem
caberia dizer algo sobre isso.
No mesmo ano, devido a uma transferência no trabalho, Bholanath foi para
Bajitpur, enquanto que Sri Ma ficou na casa dos pais por três anos antes de ir
também para lá.
A cidade de Bajitpur tem um especial significado para os devotos de Sri Ma,
pois foi onde em 1918 teve início a sua atividade espiritual aos olhos do mundo
após ter recebido uma inspiração divina. Em suas próprias palavras Sri Ma
relata:
"Um dia em Bajitpur eu fui ao poço perto da casa onde vivíamos para o meu
banho diário, quando jogava água em minha cabeça a Kheyala veio a mim: Como
seria viver o papel de um Sadhaka? E assim a Lila teve início."
Kheyala é uma palavra muito usada por Sri Ma, significa uma inspiração elevada,
um sentimento espontâneo, uma determinação divina, Sadhaka é um termo para
designar o aspirante espiritual e Lila significa brincadeira divida ou suprema
diversão.
À partir daquele dia, após servir o jantar e cuidar de seus afazeres
domésticos, pedia permissão ao marido para retirar-se a suas práticas
espirituais.
Era uma moça singela sem nenhuma educação formal, nunca
tinha tido um guru ou qualquer instrutor yogue, porém Bholanath constatou que
ela simplesmente sentava-se e mergulhava nas profundezas do Ser.
No começo repetia o mantra "Hari", pois era uma feliz reminiscência
de infância, um mantra que havia aprendido com o pai. Certo dia Bholanath
perguntou: "Por que você diz "Hari, Hari, Hari"? Nós não
somos Vaishnavas!" Sri Ma respondeu: "Devo então dizer: Siva,
Siva, Siva?"Bholanath ficou satisfeito. A troca da palavra em nada alterou
a prática de Sri Ma. Após alguns dias Bholanath percebeu que Sri Ma estava
assumindo certas posturas yogues das quais ela não tinha nenhum conhecimento
prévio. E à medida que os anos passaram o enigma aumentou ainda mais; apesar de
nunca ter estudado nem recebido instrução formal, Sri Ma demonstrava profundo
conhecimento, expunha à doutores e estudiosos discutindo com autoridade sobre
temas difíceis e controvertidos.
Quando Sri Ma se dedicava aos mantrans mergulhava tão profundamente na prática,
que parecia se tornar uma com o som que emitia, todo o seu corpo entrava em
sintonia com esse ritmo transcendental, movia-se em um ciclo espontâneo
emanando uma radiação de santidade tão genuína que quem presenciasse poderia
sentir essa inegável atmosfera de bênçãos. Bholanath compreendeu rapidamente
que sua pequena esposa era muito mais do que ele imaginava. Tanto que tornou-se
seu discípulo e guardião!
Durante os seis anos seguintes Sri Ma aprofundou-se em vários tipos de práticas
espirituais (sadhanas), referindo-se a este período de sua vida certa vez ela
disse: "Incontáveis são as sadhanas pelas quais o homem pode
trabalhar para obter a auto-realização e todas estas variedades revelaram-se a
mim como parte de mim mesma." Ela falava à estudiosos das doutrinas,
buscadores espirituais, ascetas, e todos se maravilhavam pelo seu brilhante e
detalhado conhecimento. Anos mais tarde, Sri Ma disse que este conhecimento era
ainda uma pequena fração de tudo aquilo que se havia revelado durante seus anos
de sadhana.
Em 1924 mudaram-se para Dhaka. Os rumores de uma jovem dotada de dons
espirituais cresceram e aos poucos os visitantes vinham cada vez mais,
tornando-se devotos por toda a vida. Devido aos costumes rígidos daquele tempo,
Sri Ma era um tanto quanto inacessível ao público masculino, Bholanath era a
pessoa no comando e no seu justo direito mantinha o respeito ao redor de Sri
Ma.
Em Dhaka Sri Ma viveu em uma atmosfera de acontecimentos miraculosos, pessoas
vinham de longe até ela em busca de curas, Sri Ma frequentemente entrava em
samadhi permanecendo neste estado por horas totalmente esquecida de tudo ao seu
redor, mergulhada em bem-aventurança. Geralmente Bholanath tinha que trazê-la
de volta do transe, chamando-a repetidas vezes. Ela sempre obediente ao marido,
abria os olhos e dizia: "Você quer que eu me levante?" Ele
então pedia que algumas mulheres acompanhantes ficassem falando com ela,
massageando suas mãos até que ela despertasse totalmente daquele estado de
"intoxicação" por Deus, se é que se pode definir assim.
Esta oscilação entre as dimensões terrena e transcendental era uma constante na
vida de Sri Ma, seus seguidores habituaram-se a vê-la alternando entre os dois
mundos, num momento ela estava presente, radiante participante, num outro
momento retirava-se completamente para seu mundo interno.
Sri Ma e Bholanath viajaram muito extensivamente a lugares de peregrinação, os
devotos em Dhaka haviam construído um pequeno Ashram para Sri Ma, mas nem mesmo
isso impediu-a de deixar a cidade em 1932 acompanhada por Bholanath e Bhaiji,
seu mais importante discípulo e seguidor. Foram para a região de Dehra Dun,
onde surgiram novos admiradores e seguidores.
Nessa época o próprio Mahatma Gandhi tomou conhecimento de Sri Ma através de um
devoto e então enviou um colaborador seu para visitá-la. Em outra ocasião, Sri
Ma viajou a Wardha quando então conheceu o próprio Gandhi em pessoa. Anos mais
tarde Indira Gandhi também estabeleceu estreito contato com Sri Ma.
Aquela mesma agitação de gente reunida em Dhaka acontecia novamente em Dehra
Dun, haviam festivais religiosos reuniões para cantos sagrados (Kirtans) e Sri
Ma era a luz central dessas reuniões. Esta atmosfera festiva teve que enfrentar
duas crises: em Agosto de 1937 Bhaiji, o mais dedicado devoto de Sri Ma deixou
este mundo. Não muito depois, em Maio de 1938, o mesmo aconteceu com Bholanath,
seu marido.
Contrariando a expectativa dos seguidores, Sri Ma não demonstrou sinais de
tristeza, ela permaneceu serena como sempre e disse: "Vocês lamentam
e choram quando uma pessoa vai para uma outra sala da casa? A morte está
inevitavelmente conectada à vida. Na esfera da imortalidade, que significado
tem a perda e a morte? Ninguém está perdido para mim."
Fazia parte da "Kheyala" de Sri Ma mover-se
continuamente, sem planejamento algum, de cidade em cidade ela seguia sempre
rodeada por multidões de devotos, pessoas de diferentes idiomas e províncias.
Quando a situação se tornava demasiada incontrolável ela mudava-se novamente.
Os devotos construíam-lhe Ashrams em muitas cidades, mas isso nunca a impediu
de seguir para novos lugares. Mesmo assim, aos poucos a "Sangha"
(comunidade de devotos) foi se organizando.
Em 1940 Sri Ma já era reconhecida e respeitada entre personalidades de
considerável renome na Índia, tendo sido reconhecida por ordens monásticas como
sendo a quintessência da tradição Upanishadica.
Em muitos eventos religiosos aos quais compareciam maharajas, príncipes e
várias personalidades de renome do meio artístico e político, a presença de Sri
Ma sempre ocuparia um lugar de extraordinário glamour. Ela conheceu quase todos
os dignatários políticos após a independência da Índia, suas conversas com eles
eram sempre sobre Deus e sobre as aspirações divinas dos homens.
Sri Ma falava muito sobre a importância de se observar a prática mensal, senão
à semanal de retiros e jejum, em 1952 Sri Jogibhai o então presidente da Sangha
Sri Anandamayee, promoveu no Ashram de Varanasi o primeiro "Samyam
Saptah", um retiro de sete dias com a presença de Sri Ma, no qual os
devotos podiam praticar coletivamente. Os participantes observavam jejum total
no primeiro e no último dia e nos demais dias havia uma única refeição por dia
servida pela própria Sri Ma. As atividades de cada dia seguiam a orientação de
Sri Ma; havia a prática diária individual de meditação e mantrans, após o que
todos se reuniam para ouvir leituras ou discursos das escrituras sagradas,
intervalo para almoço e descanso e novas reuniões ao anoitecer.
A popularidade destes retiros era fenomenal, vinha gente de muito longe,
pessoas comuns e mahatmas, a melhor parte do dia era às 21:30 quando Sri Ma
respondia às questões da assembléia. Aquela breve satsanga com Sri Ma
alimentava as práticas do dia que passava rápido como um relâmpago.
Conforme disse Swami Chinmayananda; assim como quando o sol brilha não há
necessidade de se definir o que vem a ser um raio de luz, da mesma forma Sri Ma
é compreendida com simplicidade, sem necessidades de demonstrações.
Apesar de todo glamour e assédio por todos onde quer que fosse, ela viveu uma
vida de asceta. Durante muitos anos comia em dias alternados uma única refeição
ao dia, quando alguém se preocupava com sua alimentação ela dizia: "Não
é necessário comida alguma para preservar o corpo. Eu me alimento para manter
uma aparência e um comportamento normal, de forma que você não se sinta
inconfortável comigo."
Sri Ma não dava importância às disputas entre religiões, raças, sexos etc, para
ela tudo era O Um. Pureza na fala, nas ações e nos pensamentos é o ideal para
todos aqueles que buscam a realização divina.
Quando conversava com pessoas jovens e modernas, ela se mostrava totalmente
consciente das tendências atuais, mesmo assim seus interlocutores não
conseguiam fazê-la concordar com suas demandas. Bem humorada, ela sempre
fazia-os aceitar o seu pedido de procurar Aquele que está escondido na caverna
de cada coração.
Nos últimos anos Sri Ma foi tornando-se mais retirada do público, diziam que
era devido a não estar bem de saúde. Parece que não era a "Kheyala"
de Sri Ma ser imune à doença, muitas vezes ela disse: "Porque vocês
se sentem tão contrariados em relação às doenças? Assim como vocês elas também
têm acesso a este corpo! Alguma vez eu disse para vocês irem embora?" Algumas
vezes ela atendia aos pedidos e preces dos devotos sendo vista executando
certas práticas yogues para se ver livre de alguns de seus males, mas no fim da
década de 70 e em 1981 ela não mais respondeu a nenhuma prece ou apelo para
cuidar de sua recuperação. Ela cumpria seus compromissos sempre serena, mas foi
aos poucos se retirando das massas e os devotos foram se acostumando a ter
menos acesso e ver menos frequentemente Sri Ma.
Às preces para a sua recuperação ela simplesmente respondia: "Não há
kheyala." Numa ocasião, Sri Jagadguru Sankaracharya de Shringeri,
Sarada Peetham, quis convidá-la para uma cerimônia anual "Durga Puja"
e insistiu que ela devia se livrar rapidamente daquelas doenças para comparecer
ao evento.
Ela respondeu no seu usual tom sereno e amoroso; "Este corpo não tem
doença alguma paizinho, ele está apenas sendo chamado de volta ao imanifesto.
Tudo que você vê acontecendo agora está conduzindo à este evento." No
dia seguinte ao desejar-lhe boa viagem, ela novamente explicou sua
impossibilidade de viajar dizendo: "Como Atma, eu sempre estarei com
você."
Como uma mãe que sabe que os filhos têm que caminhar sozinhos, Sri Ma foi se
afastando dos devotos para que eles não sentissem sua falta. Não respondia às
cartas, entretanto os correspondentes sentiam em seus corações suas questões
respondidas. Não atendia às suas funções usuais no Ashram, e parou de se
alimentar por vários mêses tomando apenas um pouco de água ocasionalmente.
Seus últimos dias foram no Ashram de Kishenpur. Ela não fez nenhuma despedida
apenas disse "Sivaya namah" na noite do dia 25, este mantra
era a indicação da dissolução final de suas ligações com o mundo. Ela tornou-se
imanifesta na Sexta feira, 27 de Agosto de 1982 em torno das 20:00h.
Sri Ma esteve entre nós em um tempo conturbado. ela
permaneceu sempre junto ao seu povo, mantendo vivos os ideais milenares das
tradições da Índia. Ela compreendeu as implicações existenciais dessa nossa era
tecnológica, e ao seu modo colocou esta realidade em uma perspectiva adequada
àqueles que desejam ver além disso tudo. Em resumo, sua mensagem é que Deus
está tão presente hoje entre os homens como esteve nas eras passadas.
A Mãe Impregnada de
Alegria
Nirmala Sundari (em
sânscrito,"Beleza Imaculada", um nome adequado para uma mulher cuja
beleza, tanto física quanto espiritual, era de tirar o fôlego) nasceu em 1896,
em Kheora, Leste de Bengala,(hoje Bangladesh).
Na época de sua
morte, em 1982, essa camponesa virtualmente iletrada seria reverenciada em todo
o mundo como Anadamayi Ma, a Mãe Impregnada de Alegria.
Nirmala era
lembrada por vizinhos e parentes como uma criança excepcionalmente alegre e
luminosa - mas não especialmente inteligente. A sua tendência de parar
abruptamente todas as atividades e fixar os olhos abstratamente no espaço por
longos períodos deixava os seus pais apreensivos. A preocupação deles tinha
começado no momento exato do seu nascimento, quando a criança recém-nascida não
chorou.
Anos mais tarde,
quando a sua mãe lembrou esse acontecimento alarmante, Nirmala reagiu:
- Por que
deveria eu ter chorado? Eu estava olhando as árvores através das ripas da
janela. (.....)
Os seus pais
contrataram o seu casamento com Bholanath; cinco anos depois, ela foi morar com
ele. Quando viu sua estonteante noiva, Bholanath deve ter se considerado o
homem mais sortudo da terra. De fato, ele tinha sido abençoado, mas não da
maneira que esperava: a sua esposa recusava-se categoricamente a fazer sexo com
ele.
A sua consternação
transformou-se em horror quando ele acordou no meio da noite e encontrou
Nirmala contorcendo o seu corpo no chão e emitindo sons estranhos e obscuros.
Ficou convencido de que ela estava possuída e consultou um exorcista.
Nem Bholanath
nem Nirmala tinham treinamento religioso formal, e assim, na época, nenhum dos
dois reconheceu que Nirmala estava assumindo espontaneamente posturas da Hatha
yoga ou que as suas estranhas vocalizações eram, na verdade, mantras sagrados.
De 1918 a
1924, Nirmala desinteressadamente se observou passar pelos vários estágios da
"sadhana", a prática espiritual.
Desde o
momento do seu nascimento plenamente consciente, quando ficou olhando as
árvores, Nirmala aparentemente permaneceu no estado de "sakshin",
como é chamado o estado de testemunho lúcido na yoga.
- O que eu
sou, sempre fui desde a minha infância - afirmou ela posteriormente. - Contudo,
diferentes estágios da "sadhana" se manifestaram através deste corpo.
A sabedoria foi revelada pouco a pouco; o conhecimento integral foi dividido em
partes.
Nirmala - que
nasceu vivenciando a unidade de toda a criação - achava surpreendente vivenciar
o mundo aos pouquinhos e em partes, como faz o resto de nós.
O comportamento
não - ortodoxo de Nirmala chocou a sua família muitas vezes durante a sua vida.
Uma de tais ocasiões ocorreu quando ela se recusou a se curvar diante dos seus
antepassados, um requinte social considerado imprescindível em Bengala. Porém,
Nirmala tinha ouvido uma voz lhe dizendo: "Voce não deve se curvar diante
de ninguém. A quem voce quer homenagear? Voce é tudo."
-
Imediatamente - afirmou Nirmala -, compreendi que todo o universo era a minha
própria manifestação. O conhecimento parcial deu lugar ao universal, e eu me
descobri face a face com a Unidade que aparenta ser muitas coisas.
Isto - o auge
de todo o esforço místico - realmente seria uma façanha para qualquer pessoa,
ainda mais para uma jovem que nunca tinha tido um guru.
Não era que o
assunto de um guru ou guia espiritual não tivesse surgido. Os amigos que
conheciam as inclinações espirituais de Nirmala, encorajaram-na com veemência a
buscar um mestre que a iniciasse formalmente na vida espiritual. Ela foi até os
pandits locais, mas nenhum estava interessado em ensinar uma camponesa pobre e
iletrada. Em 3 de agosto de 1922, numa ruptura total com toda a história da
tradição religiosa hindu, Nirmala Sundari Chakaravarti se sentou e iniciou a si
mesma.
A yoga ensina
que o guru, o mantra que ele confere durante a iniciação e o discípulo são, na
realidade, uma única coisa. Já estabelecida naquela realidade indivisível,
Ananda Mayi Ma dramatizou esta unidade quando interpretou os papéis de mestre e
de discípulo simultaneamente, com seu Eu superior conferindo o mantra ao seu eu
inferior. Assim, ela recebeu o mantra diretamente da divindade interior e
tornou-se uma das poucas sábias do hinduísmo que, alcançaram a plena iluminação
sem a ajuda de um guru.
Em 1922,
Bholanath, o aturdido marido de Nirmala, tinha visto o bastante para concluir
que sua esposa estava possuída por Deus. Tornou-se o seu primeiro discípulo.
Em 1924, ele
e Nirmala se mudaram para uma casa de campo no estado de Shahbag e, enquanto
Bholanath cultivava os jardins, Nirmala cultivava um número crescente de
devotos. Uns foram atraídos pelos rumores de curas milagrosas, outros pela
músicas. A voz de Nirmala quando cantava as glórias de Deus, era sublime. A
população logo começou a chama-la de Mãe do Mundo.
As palavras
dessa mulher radiante surpreendiam os seus visitantes. Ela falava com
autoridade sobre estados além do tempo e do espaço, como se os conhecesse
intimamente.
" O
tempo devora incessantemente. Tão logo a infância acaba, a juventude assume o
seu lugar - uma engolindo a outra. Mas, na realidade, o surgimento, a
continuidade e o desaparecimento ocorrem simultaneamente em um só lugar. Tudo é
infinito; infinito e finito são, de fato, a mesma coisa. Em uma grinalda, há um
único fio, embora haja lacunas entre as flores. São as lacunas que causam a
carência e o sofrimento. Preenche-las é se libertar."
Nirmala
ensinava os seus extasiados discípulos a preencherem as lacunas com o amor a
Deus e submissão à Sua vontade. Ela insistia em que Deus não era somente o
criador do universo, mas também a essência do próprio ser da pessoa. "A
verdadeira natureza do homem - dê a isto o nome que voce quiser - é o Eu
supremo de tudo."
Em 1924,
Nirmala parou de se alimentar. Ela observou com desinteresse característico,
que as suas mãos simplesmente não conseguiam levar o alimento à sua boca. Pelo
resto de sua vida, os devotos precisaram alimenta-la como a um bebê.
Em 2 de junho
de 1932, à meia noite, Nirmala convocou um punhado de discípulos íntimos e fez
uma surpreendente participação. Estava partindo. Por que? suplicaram seus
devotos. Para onde ela iria?
Ela explicou
que não sabia e partiu imediatamente. Durante um ano, ela se estabeleceu em um
templo abandonado de Shiva, perto de Dehradun, aparentemente se submetendo a
severa penitência, mas, de fato, como ela mesma admitiu, permanecendo em uma
inexprimível alegria. De qualquer maneira, esse foi o último local no qual
pode-se dizer que Anandamay-Ma morou. Depois disso, ela se mudou
constantemente. Em cada lugar em que parou, surgiram "ashrams" e
instituições de caridade.
Apesar da ausência
de um guru externo, Nirmala não estava, de maneira alguma, sem orientação
espiritual. O seu Kheyal, ou Guia Interior, direcionava o curso da sua
vida.(...) As centenas de histórias sobre o Kheyal de Anandamayi Ma são
lendárias.
Por exemplo, uma
noite, no meio de um kirtan (cântico religioso), Nirmala se levantou e saiu
andando rapidamente para fora da casa. Dois devotos correram atrás dela,
perguntando para onde estava se dirigindo.
Sarnath - respondeu
ela.
Sarnath ficava a
muitas milhas de distância.
- Por que
voce está indo esta noite? quiseram saber os devotos. - Não há nenhum trem para
Sarnath a esta hora!
Nirmala continuou
em ritmo apressado até a estação ferroviária. A seu pedido, um devoto comprou
um bilhete para o trem postal que passaria perto de Sarnath, mas que não estava
programado para parar lá. Nos arredores de Sarnath, o trem parou inexplicavelmente.
Nirmala e os seus dois entontecidos devotos saltaram.
- Qual o
caminho para o Hotel Birla? - perguntou ela.
Eles não
tinham a menor idéia. Ela continuou andando vigorosamente, com o seu minúsculo
séquito correndo para acompanhar.
O hotel
surgiu e os tres entraram apressadamente. Nirmala ignorou o hoteleiro e se
dirigiu diretamente para um quarto. Quando eles se aproximaram, os devotos
escutaram uma mulher gemendo dentro do quarto. Nirmala bateu com força na porta
dizendo:
- Está tudo
bem! Estou aqui!
A porta se
abriu e os devotos ficaram surpresos ao ver Maharattan, uma condicípula.
Maharattan tinha chegado poucas horas antes em Sarnath. Estava desamparada e
sem dinheiro, e, desde então, tinha estado chamando por Anandamyi Ma.
Nirmala
passou o resto da noite caçoando de Maharattan.
Indubitavelmente,
esta experiência curou a agradecida devota de qualquer ansiedade durante algum
tempo! (....)
Em 1955, quando o
juiz distrital de Vindhyachal soube que Anandamayi Ma estava visitando a sua
área, correu para ter o seu darshan (a benção de ver um santo em
pessoa).
Ma parecia estar
esperando por ele, e levou-o para a varanda. Apontando para o jardim embaixo,
ela instruiu:
- Deuses e deusas estão por aí,
debaixo da terra. Eles me disseram que é muito cansativo ficar enterrado e que
gostariam de ser retirados. Voce pode ajudá-los?
Imediatamente o
juiz reuniu um grupo de trabalho e começaram a cavar. Penetrar na rocha sólida
era um trabalho árduo.
No segundo dia, o
grupo estava cheio de irritação, questionando se o juiz tinha perdido a razão.
No terceiro dia, eles descobriram duzentas primorosas estátuas antigas
enterradas na lama.
Anandamayi Ma
era abraçada não apenas pelas pessoas simples, mas também pelos maiores
intelectuais, santos e políticos da India, incluindo Mahatma Gandhi, que se
encontrou com ela em 1942, e Indira Gandhi, que a admirava desde a infância.
Quando o
maior intelectual da India, Gopinatha Kaviraj, visitou Ma, as respostas às suas
questões filosóficas de difícil compreensão que esta mulher sem educação formal
instantaneamente ofereceu, o surpreendeu tanto que ele se mudou para o ashram
dela, onde passou o resto de sua vida.
A estima por
Anadamayi Ma se refletia nos acontecimentos que cercavam as suas aparições nos
Kumbha melas da India, feiras religiosas que atraíam milhões de peregrinos,
incluindo os dirigentes de muitas das principais instituíções religiosas
indianas. A rivalidade entre os vários líderes religiosos é famosa e, às vezes,
infelizmente, tempera as melas com intolerância, ao invés de com o espírito de
harmonia que as feiras pretendem promover.
Na última década da
vida de Ma, parecia só haver uma única coisa com a qual os dignitários
religiosos no kumbha mela concordavam: todos iam à barraca de Ma para se
curvarem reverentemente diante da mulher idosa cuja santidade era tão
plenamente evidente que até mesmo o mais rancoroso deixava o seu egotismo,
junto com as suas sandálias, do lado de fora da porta. Brâmanes inimigos
apareciam pedindo a Ma que arbitrasse as suas disputas; após alguns minutos em
sua silenciosa e luminosa companhia, os argumentos enfraqueciam e eles podiam
sair da barraca sorridentes e se abraçando.
Foi ali que Ma
finalmente foi reconhecida como a Mãe Universal; a santa cuja compaixão não
conhecia barreiras de casta, credo ou nacionalidade; a santa diante da qual
todas as pessoas, independente da sua formação, reverenciavam a serenidade.
O encontro de Paramahansa Yogananda com Ma, como descrito no seu
clássico Autobiografia de um Iogue, foi a primeira apresentação de Anandamayi
Ma para muitos ocidentais.
Um verdadeiro
exemplo de santidade
Anandamayi Ma não
escrevia e nem dava conferências; simplesmente vivia na presença divina. Do seu
ponto de vista, ela não servia às outras pessoas porque não as via como
separadas de si mesma. Remover o sofrimento delas era simplesmente aliviar a si
própria.
Embora os seu
devotos a tivessem visto viajando por toda a India, ela nunca foi a lugar
algum: "Para este corpo, a questão do ir e vir absolutamente não procede.
Este corpo não vem nem vai a lugar algum. O universo como um todo é o lar deste
corpo. Para onde este corpo pode ir? Em todos os lugares, só existe uma única
consciência onipresente. Não há nenhum espaço para o corpo se mover ou até mesmo
para se virar. Mesmo se for empurrado, ainda estará lá."
ortunadamente para
a posteridade, diversos seguidores de Anandamayi Ma anotaram as respostas dela
às suas perguntas; esses diários constituem a parte principal de sua mensagem
para a humanidade.
Sobre os desejos
mundanos ela dizia: "se voce deseja fama ou riqueza, Deus irá dá-la a
voce, mas voce não se sentirá satisfeito. O reino da consciência é uma
unidade, e, até que vivencie isto em sua totalidade, voce nunca ficará
contente. Ao mesmo tempo, Deus lhe concede um pouquinho da sua alegria para manter
vivo o seu descontentamento, porque, sem esta insatisfação, voce não irá
progredir. Voce, um filho da imortalidade, nunca pode se sentir à vontade no
reino da morte e nem Deus irá permitir que voce permaneça ali. Lembre-se que o
sofrimento que voce experimenta é o início de um despertar da
consciência."
O que é um guru?
"Todo mundo é um guru. Cada pessoa através da qual alguém aprendeu algo,
não importa o quão insignificante seja. Porém, o verdadeiro guru é aquele cujos
ensinamentos guiam voce em direção a compreensão do Eu. Implore continuamente a
Deus para que ele possa Se revelar a voce como o seu Mestre Espiritual e a
menos que voce descubra o guru interior, nada pode ser alcançado. (..........)
Ananadamayi Ma ensinava que a única realidade é a realidade divina; que a nossa percepção de nós mesmos como separados de Deus é apenas um sonho, uma imposição da ignorância, e que as pessoas que se libertam dos seus apegos a desejos mesquinhos e motivações egoístas, voltando-se sinceramente para o divino, não no céu mas em si mesmas, podem viver cada momento em perfeita alegria. Disto, ela mesma era um exemplo vivo.
A maior
contribuíção de Anandamayi Ma não foi tanto o que ela fez ou o que disse; é o
que ela foi. Ela surpreendeu e inspirou a milhões de pessoas - primeiro na
India, depois por todos os lugares do mundo - pelo seu verdadeiro ser:
incessantemente radiante, totalmente unido ao divino e, no entanto,
constantemente sensível às necessidades de todos os que chegavam até ela.
A resposta
enigmática de Ma à pergunta frequentemente verbalizada por seus devotos,
"Quem é Voce?", era: "Eu sou tudo aquilo que voce achar que
sou". Talvez isso fosse um indício de que Anandamayi Ma era simplesmente
um espelho daquilo que há de mais puro e mais maravilhoso dentro de nós mesmos
e de que o propósito da sua existência era somente o de nos mostrar o que todos
nós podemos ser.
Para nós, hoje, a
quase iletrada camponesa de Bengala oferece um exemplo radical de uma mulher
realmente liberada; um ser humano que amou todas as pessoas que chegaram até
ela como se fossem seus próprios filhos e, no entanto, permaneceu independente
de todos; que serviu constantemente as outras pessoas sem se preocupar se elas
eram suficientemente agradecidas.
http://www.almasdivinas.com.br/filhas_deusa/anandamayima_2.htmAmor por Gaia
Esforçar-se para conhecer a si mesmo - http://spiritualsoul.net/profiles/blogs/sri-sri-anandmoyi-ma-jai-jai
Despertar da luz interior -http://despertardaluzinterior.blogspot.com.br/2011/11/ma-ananda-moyi-12-de-novembro-de-2011.html
vide
GEMA- HILDEGARD e STA TEREZINHA em SANTAS E SANTOS
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