sexta-feira, 16 de maio de 2014

São João da Cruz

João da Cruz nasceu em 1542, provavelmente no dia 24 de Junho, em Fontiveros, província da cidade de Ávila, em Espanha. Os seus pais chamavam-se Gonzalo de Yepes e Catalina Alvarez. Gonzalo pertencia a uma família de posses da cidade de Toledo. Por ter-se casado com uma jovem de classe “inferior”, foi deserdado por seus pais e tornou-se tecelão de seda. Em 1548, a família muda-se para Arévalo. 
Em 1551 transfere-se para Medina del Campo, onde o futuro reformador do Carmelo estuda numa escola destinada a crianças pobres. Por suas aptidões, torna-se empregado do diretor do Hospital de Medina del Campo. Entre 1559 a 1563 estuda Humanidades com os Jesuítas. Ingressou na Ordem do Carmo aos vinte e um anos de idade, em 1563, quando recebe o nome de Frei João de São Matias, em Medina del Campo. Pensa em tornar-se irmão leigo, mas seus superiores não o permitiram. Entre 1564 e 1568 faz sua profissão religiosa e estuda em Salamanca. Tendo concluído com êxito seus estudos teológicos, em 1567 ordena-se sacerdote e faz memória da primeira Missa. No entanto, ficou muito desiludido pelo relaxamento da vida monástica em que viviam os Conventos Carmelitas
Decepcionado, tenta passar para a Ordem dos Cartuxos, ordem muito austera, na qual poderia viver a severidade de vida religiosa à que se sentia chamado. Em Setembro de 1567 encontra-se comSanta Teresa de Ávila, que lhe fala sobre o projeto de estender a Reforma da Ordem Carmelita também aos padres, surgindo posteriormente os carmelitas descalços. O jovem de apenas vinte e cinco anos de idade aceitou o desafio. Trocou o nome para João da Cruz. No dia 28 de Novembro de 1568, juntamente com Frei Antônio de Jesús Heredia, inicia a Reforma. O desejo de voltar à mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações. Em 1577 foi preso por oito meses no cárcere de Toledo. Nessas trevas exteriores acendeu-se-lhe a chama de sua poesia espiritual. "Padecer e depois morrer" era o lema do autor da "Noite escura da alma", da "Subida ao Monte Carmelo", do "Cântico Espiritual" e da "Chama de amor viva". fonte. http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_da_Cruz


A vida de São João da Cruz  foi marcada pela pobreza. ”Pobreza que primeiro o abraçou e que depois fora por ele abraçado como valor no qual achou um grande tesouro”.
Quando seu pai morreu, São João da Cruz tinha apenas dois anos. Com nove anos foi acolhido numa espécie de orfanato para meninos pobres e ali recebe os primeiros estudos e os meios para sobreviver. Precisou trabalhar desde cedo para ajudar no sustento da família. Teve, portanto, uma infância pobre e difícil, marcado por privações de todo o tipo.
Esta realidade dura da vida poderia ter-lhe enchido de revolta e o levado a sucumbir à ganância de ter o que lhe faltou. Mas ao contrário, para São João da Cruz a pobreza que ele viveu foi à chave para as suas grandes experiências no caminho de Deus. É por ela que conseguimos compreender a noite, a negação, o nada. Ele experimentou concretamente a ausência de tudo o que o coração humano deseja (bens, afetos, consolações) e nesta ausência encontrou Deus, o Tudo, diante do qual todas as coisas são nada.
A experiência da pobreza, por ele vivida à flor da pele, molda profundamente o seu espírito.
Fez-se carmelita logo jovem. Mas descontente com a vivência autêntica do evangelho do Carmelo estava decidido ir para a ordem Cartuxa, que possui uma vivência particularmente radical da vida consagrada. Foi quando conhece Santa Tereza de Jesus, que lhe garante poder viver essa radicalidade almejada noCarmelo mesmo. Para tanto, fala de seus anseios reformadores já em exercícios e o convida a ajudá-la a iniciar a reforma no ramo masculino. Seus anseios e suas buscas coincidiam, havia uma comunhão de desejo e ideal entre eles, dois grandes corações que se identificam, de modo que empreendem juntos a reforma do Carmelo.
Houve um momento onde a reforma carmelita começa a ser perseguida para desacelerar o processo. Os Padres calçados tomam medidas para impedir a expansão e até mesmo conseguir a eliminação dos calçados. Em meio a esses conflitos frei João da Cruz foi o que mais sofreu as consequências sendo preso duas vezes: uma no início de 1576 e outra em dezembro e 1577. Esse último foi o tempo mais doloroso, mais também o mais rico da vida de João da Cruz.
Foi nos nove meses de prisão – num rincão sujo, sem luz nem diálogo, respirando o mesmo ar e vestindo a mesma roupa – que tem a maior experiência do nada que o acompanhou a vida toda e ele nunca hesitou em abraçar. Transformou o momento doloroso de privações de toda espécie num profunda experiência religiosa e psicológica. Em meio a escuridão, o isolamento, o abandono por parte de seus irmãos, a privação da Eucaristia, os maus tratos, ele confirma suas convicções evangélicas para saborear Deus na sua total pureza sem misturá-lo com os consolos terrenos. Privado de tudo, de toda espécie de consolo material, humano ou espiritual ele se une a Deus num amor verdadeiramente puro.
Depois da prisão ele reassume seus cargos no Carmelo até o momento em que, num capítulo da ordem ele teve que se opor aos caminhos que queriam tomar contrários às inspirações de Tereza, já falecida. Em função disso tiram tudo dele e até querem expulsá-lo da ordem; ele é posto de lado, maltratado, desprezado, abandonado, caluniado e passa por mais uma terrível noite. Mas com o seu coração abrandado e unido a Deus, não se deixa abater. No fim de sua vida, já doente, onde poderia escolher um tratamento melhor, prefere ir para um mosteiro cujo o superior o olhava com maus olhos. Oprimido pelas dores físicas e morais era consolado pela sua união de amor com Deus, falecendo em 1591.
São João da Cruz é místico, filósofo, teólogo e escritor – poeta – e doutor da Igreja. São João da Cruz define o amor como trabalhar em despojar-se e desnudar-se por Deus de tudo que não é Deus (2º livro da Subida, 5,7), colocando em relevo a necessidade de purificação do amor, partindo da realidade desordenada em que o amor se encontra e revelando aquilo que toca o homem no seu ordenamento.
“Para vires a saborear TUDO, não queiras ter gosto em NADA…”
Para saborearmos a Deus, o Tudo, é preciso nos desapegar de todos os nossos gostos, de todos os nosso gozos, mesmo os espirituais, para que reste apenas Ele, o Absoluto, o Tudo.

Teresa de Jesus chamava-o de seu pequeno Sêneca, brincava amavelmente com a sua baixa estatura apelidando-o de meio homem, mas não hesitava em considerá-lo o pai de sua alma, afirmando também que não era possível discorrer com ele sobre Deus sem vê-lo em êxtase. Vinte e sete anos mais jovem que Teresa (nasceu em 1542 em Fontiveros) João de Yepes é uma das figuras mais desconcertantes e ao mesmo tempo mais transparentes da mística moderna. Verdadeiro mestre de vida espiritual, resumia o novo ideal de vida monástica em breves sentenças: “Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma, que Cristo não faria ou não diria se se encontrasse nas mesmas circunstâncias de você, e tivesse a mesma saúde e idade suas.” “Nada peça a não ser a cruz, e precisamente sem consolação, pois isso é perfeito.” “Renuncie aos seus desejos e encontrará o que o seu coração deseja.” Ingressou na Ordem dos Carmelitas aos vinte e um anos, após ter dado prova da sua imperícia nas várias ocupações as quais a família, muito pobre, tentou encaminhá-lo. Foi atacado por uma grande desilusão pelo rebaixamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas.
Quis remediar passando dos carmelitas aos cartuxos, cujas regras severas pareciam mais condizentes com o seu fervor ascético. Mas a essas alturas aconteceu o seu encontro com Teresa de Jesus, a reformadora das carmelitas. A santa fundadora tinha em mente ampliar a reforma também aos conventos masculinos da Ordem carmelita, e seu tino delicado fê-la entrever naquela jovem frade, pequeno, extremamente sério, fisicamente insignificante, mas rico interiormente, o sócio ideal para levar em frente o seu corajoso projeto. E o jovem de vinte e cinco anos deu logo prova de grande coragem. Desde esse dia trocou o nome, chamando-se João da Cruz e pôs mãos a obra na reforma, fundando em Durvelo o primeiro convento dos carmelitas descalços. Mas a volta a mística religiosidade do deserto custou ao santo fundador maus tratos físicos e difamações: em 1577 foi até preso por oito meses no cárcere de Toledo. Mas foi nessas trevas exteriores que se ascendeu a grande chama da sua poesia espiritual. “Padecer e depois morrer” era o lema do autor da Noite escura da alma, da Subida do monte Carmelo, do Cântico espiritual e da Chama de amor viva. Morreu no convento de Ubeda, aos quarenta e nove anos, a 14 de novembro de 1591. Canonizado em 1726, dois séculos depois Pio XI lhe conferiu o título de doutor da Igreja.

Ensinamentos de São João da Cruz -Parte 1

Você sabe quem foi São João da Cruz?
 João de Yepes, nasceu em 1542, em Fontiveros na Espanha. Foi um dos santos mais desconcertantes e ao mesmo tempo, mais transparente da mística moderna. Era 27 anos mais jovem do que sua amiga Santa Teresa de Ávila, que o chamava de seu “pequeno sêneca”, devido a sua baixa estatura. Ela também o chamava de “meio homem”, mas não hesitava em considerá-lo pai de sua alma. Foi um grande mestre da vida espiritual.
Aos 21 anos ingressou na Ordem dos Carmelitas. No entanto, foi atacado por uma grande desilusão devido ao relaxamento da vida monástica em que viviam os conventos carmelitas. Logo em seguida fundou em Durvelo o primeiro convento dos carmelitas descalços, foi então que mudou seu nome para João da Cruz.
Essa volta à mística religiosidade do deserto custou ao santo maus tratos físicos e difamações, chegando até a ser preso no cárcere de Toledo. Foi aó que floresceu a sua grande poesia espiritual.
Morreu aos 49 anos, em novembro de 1591. Foi canonizado em 1726 e dois séculos depois o Papa Pio XII lhe conferiu o título de Doutor da Igreja.
Conheça alguns de seus ensinamentos
“Não se contentar com o que diz o confessor é orgulho e falta de fé”.
“Sofrer e ser desprezado por Vós”.
“Sem o amor nada são todas as obras reunidas”.
“O mais leve movimento de uma alma animada de puro amor é mais proveitoso à Igreja do que todas as demais obras reunidas”.
“Meus são os Céus e minha é a Terra, meus são os homens, e os justos são meus; e meus são os pecadores. Os Anjos são meus, e a Mãe de Deus, todos as coisas são minhas. O próprio Deus é meu e para mim, pois Cristo é meu e todo para mim. (Sobre a Eucaristia)”.
“Não faça coisa alguma, nem diga palavra alguma, que Cristo não faria ou não diria se encontrasse nas mesmas circunstâncias”.
“Nada peça a não ser a cruz, e precisamente sem consolação, pois isso é perfeito”.
“Renuncie aos desejos e encontrará o que o seu coração deseja”.
“Quem não procura a Cruz de Cristo não procura a glória de Cristo”.
“Quem se queixa ou murmura não é cristão perfeito, nem mesmo um bom cristão”.
 ”Um coração puro encontra em tudo o conhecimento de Deus”.
“As criaturas são os vestígios das pegadas de Deus, pelas quais se reconhece sua grandeza, poder e sabedoria”.
“Os incomensuráveis bens de Deus só podem ser acolhidos por um coração vazio”.
“Senhor, quero padecer e ser desprezado por amor de Vós”.
“A pessoa que está presa por algum afeto a alguma coisa, mesmo pequena, não alcançará a união com Deus, mesmo que tenha muitas virtudes. Pouco importa se o passarinho está com um fio grosso ou fino… ficará sempre preso e não poderá voar”.
“O Verbo Filho de Deus, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, está essencial e realmente escondido no íntimo de cada ser”.
“É em teu próprio ser que podes desejá-Lo e adorá-Lo não o procures fora de ti porque te distrairás e cansarás. Não o encontrarás nem gozarás dele com maior segurança,  em mais depressa, nem mais de perto, do que dentro de ti mesmo”.
“Se está em mim aquele a quem minha alma ama, como não o encontro nem o sinto? É por estar ele escondido. Mas não te escondas também; assim podes encontrá-Lo e senti-Lo”.
“Para O encontrares, convém, pois, que esqueças todas as tuas coisas e te desligues de todas as criaturas, e te escondas no aposento interior do teu espírito. Fecha a porta sobre ti (isto é, tua vontade a todas as coisas) e ora a teu Pai em segredo”.
“A alma que verdadeiramente ama a Deus, não deixa de fazer o que pode para achar o Filho de Deus, seu Amado. Mesmo depois de haver empregado todos os esforços, não se contenta e julga não ter feito nada”.
“Quem deseja a Deus não pode achar consolo na companhia de criatura alguma. Pelo contrário tudo lhe causa grande solidão, enquanto não encontra seu Amado”.
“Se a alma procura desapegar-se de todas as coisas e permanecer vazia e despojada de tudo ‘tendo feito tudo o que era de sua parte’ é impossível que Deus deixe de fazer a dele, de comunicar-se a ela pelo menos em segredo e no silêncio”.
“O que pretendes e o que mais desejas, não o conseguirás, nem por esse caminho que percorres, nem por meio de alta contemplação, mas sim na humildade e simplicidade de todo o teu ser”.
“Para buscar a Deus, requer-se um coração despojado e forte, livre de tudo o que não é puramente Deus”.
“O estado de união consiste na transformação total da vontade humana na divina, de modo que nela nada haja de contrário a essa vontade, mas seja sempre movida, em tudo, pela vontade de Deus. Por isso dizemos que, nesse estado, as duas vontades formam uma só: a de Deus”.
“Para possuir Deus plenamente, é preciso nada ter; porque se o coração pertence a ele, não pode voltar-se para outro”.
“Quando a pessoa abre e se liberta de todo condicionamento, e une perfeitamente sua vontade à de Deus, transforma-se naquele que lhe comunica o ser sobrenatural, de tal maneira que se parece com o próprio Deus e se deixa possuir totalmente por ele”.
“O amor consiste em despojar-se e desapegar-se, por Deus, de tudo o que não é ele”.
“Embora seja certo que uma alma, segundo sua maior ou menor capacidade, pode chegar à união com Deus, ela, porém, tem modos diversos de conquistá-Lo conforme ele mesmo conceder”.
“Como acontece aos bem-aventurados no céu: uns vêem mais a Deus e outros menos; mas todos o contemplam e todos estão felizes,
porque cada um pode satisfazer a própria capacidade”.
“O centro da alma é Deus. Quando a pessoa se encontra com ele, em todas as suas faculdades, energias e desejos, terá atingido o cerne
e a raiz mais profunda de si mesma, que é Deus”.
“O demônio teme a alma unida a Deus como ao próprio Deus”.
“Para atingir o estado sublime de união com Deus, é indispensável atravessar a noite escura da mortificação dos desejos desregrados
e da renúncia a todos os prazeres deste mundo”.
“Quem não procura senão a Deus, não anda nas trevas, por mais fraco e pobre que seja”.
“Afeiçoar-se ao mesmo tempo a Deus e à criatura são coisas contrárias: não podem coexistir numa só pessoa”.
“A alma, presa pelos encantos de qualquer criatura, torna-se sumamente desagradável a Deus, e não pode, de forma alguma, transformar-se na verdadeira beleza que é Deus”.
“Deus é inacessível. Não repares, portanto, no que as tuas faculdades podem compreender, nem teus sentidos experimentar, para que não te satisfaças com menos e assim perderes a presteza necessária para chegar a ele”.
“As visões e apreensões dos sentidos não têm proporção alguma com Deus: não podem servir de meio para a união com ele”.
“O afeto e o apego da alma à criatura torna-a semelhante a esta mesma criatura. Quanto maior a afeição, maior a identidade e
semelhança, porque é próprio do amor tornar aquele que ama semelhante ao amado”.
“Os apetites causam à alma um duplo prejuízo: primeiro, privam-na do espírito de Deus; segundo, a afadigam, atormentam, obscurecem, mancham e a enfraquecem. Estes dois efeitos são causados por qualquer ato desordenado”.
“Que comparação se pode estabelecer entre a fome, causada por todas as criaturas, e a fartura que proporciona o espírito divino?”
“Para buscar a Deus, requer-se um coração despojado e forte, livre de tudo o que não é puramente Deus”.
“Dar tudo pelo Tudo”.
“Quando a pessoa ama alguma coisa fora de Deus, torna-se incapaz de se transformar nele e de se unir a ele”.
“A alma não receberá a fartura incriada de Deus, enquanto não tiver perdido aquela fome material de seus apetites; pois a fome e a artura não podem coexistir numa única pessoa”.
“A criatura atormenta, o espírito de Deus gera alegria”.
“Quem tiver alguma afeição desregrada não pode confiar nas próprias capacidades, nem em dons recebidos de Deus, julgando que não
ficará cego e insensível e não cairá no mal”.
“Os prazeres não dominados chegam ao ponto de obstruir numa pessoa a vida divina, porque não os matou primeiro, mas os deixou viver”.
“Como a prática de uma só virtude aumenta e fortalece todas as outras, assim, sob a ação de um único vício, todos os vícios crescem e
multiplicam suas consequências”.
“A mosca que pousa no mel, não pode voar; a alma que fica presa ao sabor do prazer, sente-se impedida em sua liberdade e contemplação”.
“Qualquer prazer desordenado causa na alma cinco danos: inquieta, perturba, macula, enfraquece, embaraça”.
“A pessoa que caminha para Deus e não afasta de si as preocupações, nem domina suas paixões, caminha como quem empurra um carro encosta acima”.
“Venceu verdadeiramente todas as coisas aquele a quem nem o gosto delas leva ao gozo, nem o seu amargor causa tristeza”.
“O caminho da vida é de muito pouco ativismo e barulho”.
“Requer mais mortificação da vontade do que muito saber. Caminhará mais quem carregar consigo menos coisas e desejos”.
Conheça outros ensinamentos no livro: “Na escola dos santos doutores”

Ensinamentos de São João da Cruz (Parte 3)

Para vires ao que não possuis, hás de ir por onde não possuis.
Para chegares ao que não és, hás de ir por onde não és.
Guiemo-nos, pois, agora pela doutrina de Cristo-homem, de sua Igreja e seus ministros; e por este caminho, humano e visível, encontraremos remédios para nossa ignorância e fraqueza espiritual.
Quando tiveres algum aborrecimento e desgosto, lembra-te de Cristo crucificado e cala-te.
Na cruz, quando sofria o maior abandono sensível, Cristo realizou a maior obra que superou os grandes milagres e prodígios operados em toda a sua vida: a reconciliação do gênero humano com Deus, pela graça.
Queira tornar-te, no padecer, algo semelhante a este nosso grande Deus, humilhado e crucificado, pois que esta vida só tem razão de ser se for para imitá-lo.
A luz da fé comunica à alma toda a sabedoria de Deus; isto é, o próprio Filho de Deus é quem se comunica à alma na pura fé.
Há muito que aprofundar em Cristo, sendo ele, qual abundante mina com muitas cavidades cheias de ricos veios: por mais que se cave, nunca se chega ao fim, nem se consegue esgotar.
Ao criar todas as coisas, Deus as achou muito boas, porque as criou no Verbo, seu Filho.
Tenha a alma o desejo contínuo de imitar a Cristo em todas as coisas, conformando-se à sua vida, meditando-a para saber imitá-la, e agir em todas as circunstâncias como ele próprio agiria.
Não é bem orientado o espírito que quer caminhar por doçuras e facilidades, fugindo de imitar a Cristo.
A pessoa crucificada interior e exteriormente com Cristo, viverá feliz e satisfeita e, na paciência, possuirá a sua alma.
Fortalece o teu coração contra todas as coisas que te inclinam ao que não é Deus, e sê amigo da paixão de Cristo.
Nunca tomes o homem por exemplo no que tiveres que fazer, o santo que seja, porque o demônio porá diante de ti as suas imperfeições; imita, porém, a Cristo que é sumamente perfeito e sumamente santo e nunca errarás.
Se quiseres chegar a possuir Cristo, jamais o busques sem a Cruz.
O Filho de Deus se compraz na alma, isto é, permanece na alma, como em lugar onde acha grandes delícias, porque este mesmo lugar a própria alma também acha nele verdadeiramente seu gozo.
Deus só coloca sua graça e predileção numa alma, na medida da vontade e do amor da mesma alma.
Adquire-se a sabedoria através do amor, do silêncio e da mortificação; grande sabedoria é saber calar e não inserir-se em ditos ou fatos e na vida alheia.
Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua suavidade e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta.
Ora, não há maior grandeza para a alma do que ser igualada a Deus. Por isso, ele se serve somente do amor da alma, pois é próprio do Amor igualar o que ama com o objeto amado.
Considerem isto os que são muito ativos: bem maior proveito fariam à Igreja, e maior satisfação dariam a Deus  além do bom exemplo que proporcionariam a si mesmos se gastassem ao menos a metade do tempo empregado nessas boas obras, em permanecer com Deus na oração.
Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo o seu lucro.
Não basta que Deus nos ame para dar-nos virtudes; é preciso que, de nossa parte, também o amemos, a fim de podermos recebê-las e conservá-las.
É próprio do perfeito amor nada querer admitir ou tomar para si, nem atribuir-se coisa alguma, mas tudo referir ao Amado. Se nos amores da terra é assim, quanto mais no amor de Deus.
Para Deus, amar a alma é, de certa maneira, integrá-la em si mesmo, igualando-a consigo; ama, então, essa alma, nele e com ele, com o próprio amor com que se ama.
Quando Deus vê a alma ornada de graça a seus olhos, muito se inclina a conceder-lhe ainda maior graça, em razão de permanecer dentro dela com agrado.
O olhar de Deus produz na alma quatro bens, isto é, a purifica, a favorece, a enriquece e a ilumina. É como o sol que, dardejando na terra os seus raios, seca, aquece, embeleza e faz resplandecer os objetos.
Logo que a alma se desembaraça das suas potências, esvaziando-as de tudo quanto é inferior, e de toda a posse , e as deixa em completa solidão, Deus as ocupa imediatamente.
O padecer é, para a alma, o meio para penetrar mais intimamente na espessura da deleitosa sabedoria de Deus, porque o mais puro padecer traz mais íntimo e puro entender, e, consequentemente, mais puro e sublime gozo.
Não fujas dos sofrimentos, porque neles está a tua saúde.
Ó grande Deus de amor e Senhor! quantas riquezas pondes naquele que não ama nem gosta senão de vós, pois a vós mesmo vos dais e fazeis uma só coisa com ele por amor!
A alma que quer que Deus se lhe entregue inteiramente, há de se entregar toda sem reservar nada para si.
Amado meu, tudo o que é difícil e trabalhoso o quero para mim, e tudo o que é suave e saboroso o quero para ti.
Na união com o Amado, a alma verdadeiramente se rejubila e louva a Deus, com o mesmo Deus, e assim este louvor é perfeitíssimo e muito agradável a ele.
Só Deus é quem move as potências das almas, postas no estado de união, para aquelas obras conforme à sua santa vontade e divinos decretos, sem que possam agir de outro modo. E assim as obras e súplicas dessas almas são sempre eficazes. Tais eram as da gloriosíssima Virgem Nossa Senhora, elevada, desde o princípio, a este sublime estado; jamais teve impressa na alma a imagem de alguma criatura, nem se moveu por ela; mas sempre agiu sob a moção do Espírito Santo.
Oh! que bens serão aqueles que gozaremos com o olhar da Santíssima Trindade!


Os Dogmas da Igreja – Parte 2



O Dogma diz que Deus possui o Ser Divino sem princípio nem fim, sem sucessão alguma, em um agora permanente e indivisível.

Provas das Escrituras:
“Antes que os montes, a terra e o universo tivessem sido criados, Tu existíeis desde a eternidade até a eternidade” (Sl 89,2).

“Antes que Abraão nascesse, eras Tu” (Sl 2,7; Jo 8,58).

Especulativamente, a eternidade de Deus se demonstra por sua absoluta imutabilidade; a razão última da eternidade de Deus é a plenitude absoluta de um ser que exclui toda potencialidade e, portanto, toda sucessão (S.Th. I,10,2-3).

Jesus Cristo é Verdadeiro Deus e Filho de Deus por essência
Declara o Símbolo “Quicumque” do Concílio de Toledo (400-447):

“É necessário para a eterna salvação crer fielmente na encarnação de nosso Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, que é Deus e homem. É Deus engendrado na substância do Pai antes dos séculos…” (Dz. 40).

O dogma diz que Jesus Cristo possui a infinita natureza divina com todas suas infinitas perfeições, por haver sido engendrado eternamente por Deus.

Provas das Sagradas Escrituras:
Títulos que aludem à dignidade Divina do Messias:

Emanuel, Deus conosco (Is 7,14; 8,8).

Conselheiro admirável, Varão Forte, Pai do século futuro, Príncipe da Paz (Is 9,6).

“Tu és Meu Filho amado, em Ti deposito minha complacência…” (Batismo no rio Jordão – Mt 23,17).

“Este é Meu Filho muito amado, escutai-O …” (Monte Tabor – Mt 17,5).

“…Não sabias que Eu devo ocupar-me nas coisas que dizem respeito ao serviço de Meu Pai…” (Lc 2,49).

“Todas as coisas foram o Pai quem as colocou em Minhas mãos e ninguém conhece ao Filho senão o Pai, e ninguém conhece ao Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo…” (Mt 11,27).

Jesus equipara seu conhecimento ao conhecimento divino do Pai, porque possui em comum com o Pai a substância Divina. Os milagres são outra prova da divindade de Cristo:

“As obras que faço em nome de Meu Pai dão testemunho de Mim…” (Jo 10,25).

Jesus possui Duas Naturezas que não se transformam nem se confundem
Afirma São Leão I Magno (440-461) em sua epístola dogmática de 13 de Junho de 449:

“Ficando então a salvo a propriedade de uma e outra natureza… natureza íntegra e perfeita de verdadeiro homem, nasceu Deus Verdadeiro, inteiro no seu, inteiro no nosso” (Dz. 143 ss.)

Também diz o Concílio de Calcedônia (451, IV Ecumênico):

“…Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele mesmo perfeito na divindade e Ele mesmo perfeito na humanidade… que se há de reconhecer em duas naturezas: sem confusão, sem mudanças, sem divisão, sem separação e de modo algum apagada a diferença de natureza por causa da união, conservando cada natureza sua propriedade e concorrendo em uma só pessoa” (Dz. 148).

Tudo isto indica que Cristo é possuidor de uma íntegra natureza divina e de uma íntegra natureza humana: a prova está nos milagres e no padecimento.

Sagradas Escrituras:
“E o Verbo se fez carne…” (Jo 1,14).

“O qual, sendo de condição divina, não reteve avidamente o fato de ser igual a Deus, mas se despojou de si mesmo, tomando a condição de servo, fazendo-se semelhante aos homens e aparecendo em seu porte como homem…” (Fil 2,6-7).

Cada uma das Duas Naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física
Declara o III Concílio de Constantinopla (680-681), sob Santo Agatão (678-681):

“Proclamamos igualmente, conforme os ensinamentos dos Santos Padres, que não existem também duas vontades físicas e duas operações físicas de modo indivisível, de modo que não seja conversível, de modo inseparável e de modo não confuso. E estas duas vontades físicas não se opõe uma a outra como afirmam os ímpios hereges…” (Dz. 291 e Dz. 263-288).

Sagradas Escrituras:
“Não seja como Eu quero, mas sim como Tu queres…” (Mt 26,39).

“Não seja feita Minha vontade, mas sim a Tua…” (Lc 22,42).

“Desci do céu para fazer não a Minha vontade, mas sim a vontade de Quem Me enviou…” (Jn. 6,38).

“Ninguém Me tira, Eu a doei voluntariamente, tenho o poder para concedê-la e o poder de recobrá-la novamente…” (Jo 10,18).

Apesar da dualidade física das duas vontades, existiu e existe a unidade moral porque a vontade humana de Cristo se conforma com a livre subordinação, de maneira perfeitíssima à vontade Divina.

Jesus Cristo, ainda que Homem, é Filho Natural de Deus
Diz o Concílio de Trento (1545-1563), na sessão IV de 13 de Janeiro de 1547 (sob Paulo III; 1534-1549):

“…O Pai celestial… quando chegou a plenitude, enviou aos homens seu Filho, Jesus Cristo…” (Dz. 794, 299, 309).

Sagradas Escrituras:
“Deus não perdoou Seu próprio Filho, mas sim O entregou por todos nós…” (Rm 8,32).

“Deus tanto amou o mundo que lhe deu Seu Filho Unigênito…” (Jo 3,16).

“E uma voz que saia dos céus dizia: ‘este é Meu Filho amado, em quem me alegro…” (Mt 3,17).

“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e pudemos contemplar Sua glória, glória que recebe do Pai como Filho Único, cheio de graça e verdade…” (Jo 1,14).

Os Santos Padres sempre rechaçaram a doutrina da dupla filiação de Cristo. O sentido do dogma é: a pessoa que subsiste na natureza humana (de Cristo) é o filho natural de Deus. A filiação é propriedade da pessoa, não da natureza. Em Cristo não existe mais que uma pessoa que procede do Pai por geração eterna; pelo mesmo motivo, em Cristo não pode haver mais que uma filiação de Deus: a natural.

Cristo imolou-se a Si Mesmo na Cruz como Verdadeiro e Próprio Sacrifício
Afirma o Concílio de Trento (1545-1563), sob Pio IV (1559-1565), a 17 de Setembro de 1562:

“O Sacrossanto Concílio… ensina, declara, ordena, que na Missa está contido e de modo não cruel se imola aquele mesmo Cristo, que apenas uma vez se ofereceu Ele mesmo cruelmente no altar da cruz…” (Dz. 940-122-951).

Sagradas Escrituras:
“Eis aqui o cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (Jo 1,29).

“Cristo nos amou e se entregou por nós todos em sacrifício e oblação a Deus…” (Ef. 5,2).

“Porque nosso Cordeiro Pascal, Cristo já foi imolado…” (Rm 3,25).

“Cristo se ofereceu uma vez como sacrifício para tirar os pecados do mundo…” (Hb 9,28).

O adversário deste dogma é o racionalismo (Dz. 2038). Cristo quando instituiu a Sagrada Eucaristia recordou o sacrifício de Sua morte:

“Este é Meu corpo que será entregue por vós…” (Lc 22,19).

Cristo, por sua natureza humana, era ao mesmo tempo sacerdote e oferenda, mas por sua natureza Divina, juntamente com o Pai e o Espírito Santo, era o que recebia o sacrifício.

Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do Sacrifício de Sua Morte na Cruz
Declara o Concílio de Trento (1545-1563), sob Pio IV (1559-1565):

“O concilio… por inspiração do Espírito Santo, ensina, declara e manda… Este Deus e Senhor Nosso, Jesus Cristo quis oferecer-se a si mesmo a Deus Pai, como sacrifício apresentado sobre a ara da cruz em sua morte, para conseguir para eles o eterno perdão…” (Dz. 938). “… que nos reconciliou com Deus por meio de Seu Sangue fazendo-Se por nós a Justiça, a Santidade e a Redenção…” (Dz 790).

Sagradas Escrituras:
“Preço do resgate por muitos…” (Mt 20,28).

“O qual se deu a Si mesmo em preço do resgate…” (1Tm 2,6).

“São justificados por Sua graça…” (Rm 3,24).

“…Ele se deu a Si mesmo por nós para redimir-nos de toda iniquidade…” (1Tm 2,14).

“…este é Meu Sangue da Aliança que se derrama sobre muitos para a remissão dos pecados…” (Mt 26,28).

São Paulo atribui à morte de Cristo a reconciliação dos pecados com Deus, ou seja, a restauração da antiga relação de filhos e amigos com Deus (cf. Rm 5,10).

Os Dogmas da Igreja – Parte 1






Dogma é uma verdade revelada por Deus, e, como tal, diretamente proposta pela Igreja à nossa fé.
A Revelação, fonte do dogma, dá a conhecer o ensinamento divino em seu próprio conceito: tal é a primazia de Pedro e de seus discípulos e, como consequência, a infalibilidade pontifícia. Para que uma verdade revelada seja um dogma é necessário que este proponha diretamente à nossa fé por uma definição solene da Igreja o pelo ensinamento de seu magistério ordinário.
No Evangelho se sublinha várias vezes a natureza da fé. Está descrita como uma adesão ao ensinamento divino anunciado por Cristo ou pregada em seu nome e com sua autoridade pelos Apóstolos. No Evangelho de São Marcos encontramos:
“Depois lhes disse: ‘Ide pelo mundo e pregai a boa nova a toda criação. O que crer e for batizado se salvará; o que não crer, será condenado.’” (Mc 16,15-16).
“A fé é garantia do que se espera; a prova das realidades que não se vêem. Foi ela que valeu aos nossos ancestrais.” (Hb 11,1-2).
Do século I ao IV, esta doutrina se manifesta pela insistência com a qual os Santos Padres afimaram a obrigação de crer integramente na doutrina ensinada por Jesus Cristo aos Apóstolos. Para que o ensinamento divino contido nas Sagradas Escrituras seja um dogma são necessárias duas condições:
1. O sentido deve estar suficientemente manifestado.
2. Esta doutrina deve ser proposta pela Igreja como revelada. Quando o texto das escrituras estiver definido pela Igreja como contendo um dogma revelado, com sentido preciso e determinado, é um dever estrito para os exegetas católicos aceitá-lo.
A revelação feita por Jesus Cristo e anunciada aos Apóstolos tem seu caráter definitivo e imutável e a doutrina de São Paulo mostra bem este caráter.
Dogmas sobre Deus
1. A Existência de Deus
2. A Existência de Deus como Objeto de Fé
    A Unicidade de Deus
3. Deus é Eterno
4. Santíssima Trindade
Dogmas sobre Jesus Cristo
1. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e filho de Deus por essência
2. Jesus possui duas naturezas que não se transformam nem se misturam
3. Cada uma das duas naturezas em Cristo possui uma própria vontade física e uma própria operação física
4. Jesus Cristo, ainda que homem, é Filho natural de Deus
5. Cristo imolou-se a si mesmo na cruz como verdadeiro e próprio sacrifício
6. Cristo nos resgatou e reconciliou com Deus por meio do sacrifício de sua morte na cruz
7. Ao terceiro dia depois de sua morte, Cristo ressuscitou glorioso dentre os mortos
8. Cristo subiu em corpo e alma aos céus e está sentado à direita de Deus Pai
Dogmas sobre a Criação do Mundo
1. Tudo o que existe foi criado por Deus a partir do Nada
2. Caráter temporal do mundo
3. Conservação do mundo
Dogmas sobre o Ser Humano
1. O homem é formado por corpo material e alma espiritual
2. O pecado de Adão se propaga a todos seus descendentes por geração, não por imitação
3. O homem caído não pode redimir-se a si próprio

Dogmas Marianos
1. A Imaculada Conceição de Maria
2. Maria, Mãe de Deus
3. A Assunção de Maria
4. A Virgindade perpétua de Maria
Dogmas sobre o Papa e a Igreja
1. A Igreja foi fundada pelo Deus e Homem, Jesus Cristo
2. Cristo constituiu o Apóstolo São Pedro como primeiro entre os Apóstolos e como cabeça visível de toda Igreja, conferindo-lhe imediata e pessoalmente o primado de jurisdição
3. O Papa possui o pleno e supremo poder de jurisdição sobre toda Igreja, não somente em coisas de fé e costumes, mas também na disciplina e governo da Igreja
4. O Papa é infalível sempre que se pronuncia ex catedra
5. A Igreja é infalível quando faz definição em matéria de fé e costumes
Dogmas sobre os Sacramentos
1. O Batismo é verdadeiro Sacramento instituído por Jesus Cristo
2. A Confirmação é verdadeiro e próprio Sacramento
3. A Igreja recebeu de Cristo o poder de perdoar os pecados cometidos após o Batismo
4. A Confissão Sacramental dos pecados está prescrita por Direito Divino e é necessária para a salvação
5. A Eucaristia é verdadeiro Sacramento instituído por Cristo
6. Cristo está presente no sacramento do altar pela Transubstanciação de toda a substância do pão em seu corpo e toda substância do vinho em seu sangue
7. A Unção dos enfermos é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
8. A Ordem é verdadeiro e próprio Sacramento instituído por Cristo
9. O matrimônio é verdadeiro e próprio Sacramento

Dogmas sobre as Últimas Coisas (Escatologia)
1. A Morte e sua origem
2. O Céu (Paraíso)
3. O Inferno
4. O Purgatório
5. O Fim do mundo e a Segunda Vinda de Cristo
6. A Ressurreição dos Mortos no Último Dia
7. O Juízo Universal
A Existencia de Deus
Possibilidade de reconhecer a Deus como a única luz da razão natural – O concilio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1870), declarou:
“Se alguém disser que Deus vivo e verdadeiro, criador e Senhor nosso, não pode ser reconhecido com certeza pela luz natural da razão humana por meio das coisas que foram feitas, seja excomungado.” (Dz. 1806). “A mesma Santa Mãe Igreja sustenta e ensina que Deus, princípio e fim de todas as coisas, pode ser reconhecido com certeza pela luz natural da razão humana partindo das coisas criadas.” (cf. Dz. 1785).
O Concilio apresenta os seguintes elementos:
a. O objeto de nosso conhecimento é Deus uno e verdadeiro, Criador e Senhor nosso; é portanto um Deus distinto do mundo e pessoal.
b. O princípio subjetivo do reconhecimento é a razão natural em estado de natureza caída.
c. Os meios do reconhecimento são as coisas criadas.
d. Esse reconhecimento é de per si um reconhecimento certo.
e. E é possível, ainda que não constitua o único caminho para chegar a conhecer a Deus.
Provas da Escritura:
. “Pela grandeza e formosura das criaturas, por racionalidade se chega a conhecer ao Criador delas” (Sab.13,1-9.15).
. “Porque desde a criação do mundo, a invisibilidade de Deus, Seu eterno poder e Sua divindade são conhecidos através das criaturas, de modo que são inescusáveis” (Rm 1,20).
A ideia de Deus não é inata em nós, mas temos a capacidade para conhece-Lo com facilidade, e de certo modo espontaneamente por meio de Sua obra.
A Existência de Deus como Objeto de Fé
A existência de Deus não apenas é objeto do conhecimento da razão natural, mas também é objeto da fé sobrenatural – Segundo o Concílio Vaticano I (1869-1870), sob Pio IX (1846-1878), declarou em 24 de abril de 1870:
“A Santa Igreja Católica Apostólica e Romana, crê e confessa que existe um único Deus Verdadeiro” (Dz. 1782).
Este mesmo Concílio condenou como herética a negação da existência de Deus:
“Se alguém negar que apenas Deus é o Verdadeiro Criador e Senhor das coisas visíveis e invisíveis, seja excomungado” (Dz. 1801).
Provas da Escritura:
A fé na Escritura de Deus é condição indispensável para a salvação:
. “Sem a fé é impossível agradar a Deus, pois é preciso que quem se acerque de Deus creia que Ele existe e que é remunerador dos que O buscam” (Hb 11,6)
A revelação sobrenatural da existência de Deus confirma o conhecimento natural de Deus, faz com que todos possam conhecer a existência de Deus com facilidade. Não existe contradição no sentido de que uma pessoa possa temer ao mesmo tempo a ciência e a fé da existência de Deus, já que, em ambos os casos, o objeto formal é diverso:
Evidência Natural X Revelação Divina
Ao primeiro chegamos pela razão natural e, ao segundo, pela razão ilimitada da fé.
A Unicidade de Deus
Não existe mais que um único Deus – O concílio de Latrão (1215), sob Inocêncio III (1198-1216) declarou:
“Firmemente cremos e simplesmente confessamos que Deus é apenas Um” (Dz. 428). “A santa Igreja Católica Apostólica romana crê e confessa que existe um único Deus Verdadeiro e Vivo” (Dz. 1782).
Provas das Escrituras:
. “Ouve Israel, Iaveh é nosso Deus, apenas Iaveh” (Dt 6,4).
. “Sabemos que o ídolo não é nada no mundo e que não existe mais que um único Deus.” (1 Cor. 8,4).
.  v. tb. At 14,14; 17,23; Rm 3,39; Ef 4,6; 1Tim 1,17; 2,5.
Os Santos Padres provam a unicidade de Deus por Sua perfeição absoluta e pela unidade da ordem do mundo. Diz Tertuliano:
“O Ser Supremo e Excelentíssimo precisa ser único, e não pode haver igual a Ele, porque se não for assim, Ele não seria o Ser Supremo, e como Deus é o Ser Supremo, com razão diz nossa verdade Cristã: Se Deus não é o Único, não há nenhum Deus”
São Tomás [de Aquino] deduz especulativamente a unicidade de Deus devido à Sua simplicidade, da infinidade de Suas perdições e da unidade do universo (S.Th. I,11,3).
A história comparada das religiões nos ensina que a evolução religiosa da humanidade não passou do politeísmo ao monoteísmo, mas sim, ao contrário, ou seja, do monoteísmo ao politeísmo (cf. Rm 1,18). Se opõe a este dogma básico do Cristianismo o politeísmo dos pagãos e o dualismo agnóstico-maniqueista que supunha a existência de dois princípios não criados e eternos.
Deus é Eterno
Deus não tem princípio nem fim – O Concílio IV de Latrão e o Concílio Vaticano atribuem a Deus a eternidade:
“Firmemente cremos e simplesmente confessamos que apenas um é o Verdadeiro Deus eterno…” (Dz. 428). “A Santa Igreja Católica, Apostólica Romana crê e confessa que existe um único Deus Verdadeiro, Vivo, Eterno, Imenso, Incompreensível, Infinito em Seu entendimento e vontade e em toda perfeição” (Dz. 1782).



ão João da Cruz

Solenidade a 14 de Dezembro

João de Yepes nasceu em Fontiveros, perto de Ávila, Espanha. Seu pai, Gonçalo de Yepes, sendo de nobre família, a tudo renunciou para casar Catarina Álvares, uma pobre órfã. João de Yepes nasceu, num lar pobre, mas de muito amor, a sua pobreza depressa se transformou em miséria com a morte do pai. A partir de então, Catarina, peregrinando de terra em terra, de feira em feira, acabou por se fixar em Medina del Campo onde João foi recolhido num orfanato. 

Certo homem rico e conceituado fixou-se nas qualidades de João, dando-lhe possibilidades de estudar, ao mesmo tempo que o empregou no hospital de Medina. Dez anos foi o tempo que o jovem João de Yepes passou a tratar de doentes, vítimas de doenças incuráveis, sobretudo a sífilis que era terrivelmente mortal, aqui João conheceu as histórias mais inverosímeis do mundo e as dores mais atrozes dos homens. 

Na sua juventude foi cobiçado por diversas Ordens Religiosas, e pelo seu benfeitor que pensava nele como capelão do hospital, depois de ordenado sacerdote. Aos 21 anos de idade, sem dizer nada a ninguém, João dirigiu-se ao Convento dos Carmelitas onde tomou o hábito e onde nesse dia recebeu o nome de Frei João de S. Matias. 
Para João, a escolha da Ordem do Carmo era plenamente justificada: sendo o Carmo a Ordem de Maria e tendo João de Yepes tanto amor à Virgem Nossa Senhora e tendo-o ela livrado de alguns perigos na sua meninice, escolheu servi-la e assim agradecer-lhe. 

Estudou em Salamanca e cantou Missa em Medina del Campo. Foi aqui que no ano de 1567 conheceu a Madre Teresa de Jesus, que ficou prendada com as suas qualidades e santidade o convida para primeiro Carmelita Descalço e fundador de entre os frades do novo estilo de vida que ela mesma havia iniciado entre as freiras. 

No Verão de 1568, vestindo já o primeiro hábito de Carmelita Descalço, feito precisamente pela Madre Teresa de Jesus, dirigiu-se a Duruelo onde, durante todo o Verão, foi preparando e transformando uma velha e pobre casa no primeiro convento da nova família do Carmo. No dia 28 de Novembro desse ano, primeiro Domingo do Advento, chegaram Frei António de Jesus e Frei José de Cristo que deram oficialmente início à nossa Ordem. A partir deste dia, Frei João de S. Matias passou a chamar-se Frei João da Cruz. 

Quando S. Teresa de Jesus foi nomeada priora do convento da Encarnação, em Ávila, pediu a S. João da Cruz que se dirigisse para esta cidade como confessor das freiras deste convento. Aqui permaneceu o nosso Santo durante cinco anos. As pessoas tinham-no por Santo, respeitando-o e amando-o como tal. Foi tentado por uma nobre e formosa mulher de quem nunca revelou o nome. Nesta cidade Frei João pintou o seu célebre desenho de Cristo na Cruz, onde o famoso pintor Dali se inspirou para a sua célebre pintura de Cristo morto sobre o mundo à qual intitulou «Cristo de S. João da Cruz». Frei João da Cruz realizou em Ávila, verdadeiros prodígios, o que levou os abulenses a terem por ele verdadeira admiração e profundo respeito. 

Os Carmelitas Calçados de Ávila é que não estavam nada contentes com a boa fama e o apreço que o povo tinha por Frei João da Cruz e pelos frades da nova família de Carmelitas, chamada dos Descalços, por ele fundada. Decidiram, por fim, pôr cobro à situação. E a melhor forma que encontraram foi a de prender a alma do Carmo Descalço, Frei João da Cruz. Assim o pensaram e assim o fizeram uma noite, saltaram silenciosamente o muro da casa onde vivia, arrombaram as portas e prenderam Frei João. Levaram-no em segredo para o convento de Toledo. Ninguém teve tempo para reagir, tudo foi feito em grande sigilo e com tanta rapidez e discrição que ninguém pôde intervir. S. Teresa escreveu ao rei Filipe II, mas como ninguém sabia de nada, Frei João continuara na prisão. Os Calçados tentaram fazer por todos os meios, lícitos e ilícitos, que Frei João abandonasse a obra começada. Torturas físicas e psicológicas, belas ofertas, de poder e de riqueza, até mesmo uma cruz de ouro cravejada de pedras preciosas! 

Ao que Frei João respondeu: «Quem procura seguir a Cristo pobre, não precisa de jóias nem de ouro». 
Durante nove meses, de Dezembro a Agosto, Frei João permaneceu no cárcere, onde quase morrendo de frio no Inverno, quase asfixiado de calor no Verão, para comer davam-lhe pão, água e algumas sardinhas. Martirizaram o seu corpo com duras disciplinas. Durante mais de meio ano não lhe permitiram mudar ou lavar o hábito. O cárcere consiste num cubículo tão minúsculo que até mesmo Frei João, sendo pequeno de corpo, mal cabia. A 15 de Agosto Frei João pede que lhe deixem celebrar Missa por ser a Festa de Nossa Senhora. Indelicada e brutalmente o Prior recusa o pedido. É então que Frei João da Cruz aproveitando a liberdade que o novo carcereiro concede, Frei João de S. Maria, decide fugir, antes, porém, oferece ao seu carcereiro uma cruz de madeira feita por si, pedindo-lhe perdão de todos os trabalhos que lhe causou. Numa noite de Agosto, correndo os maiores perigos, desconhecendo em absoluto a cidade de Toledo e sem a ajuda de ninguém, muito debilitado fisicamente, no limite das suas forças, tão magro que as apodrecidas tiras de roupa de que se serviu para saltar da janela não rebentaram e assim conseguirá fugir da prisão! Acolheu-se no convento das Carmelitas Descalças que se assustaram e se alvoroçam ao vê-lo, pois mais parecia um morto do que um vivo! Preparam-lhe umas peras assadas com canela! 

Finalmente seguro! Os Calçados procuram-no, batem às portas do Convento das Descalças mas não encontram Frei João aí bem escondido, toda a tarde as Carmelitas conversaram com o Santo, escutando enlevadas os poemas que tinha escrito na prisão. Entretanto, as Carmelitas pedem ajuda ao administrador do Hospital que levaram Frei João para sua casa, que ficava mesmo ao lado do convento onde tinha estado preso, tudo foi feito durante dois meses para o restabelecer. 

Em Outubro de 1578 Frei João deixou Toledo e dirigiu-se a Almodôvar onde esteve reunido o Capítulo de Lisboa. Aqui, pela primeira vez, contemplou, S. João da Cruz o mar, que o encantou e atraiu profundamente. Quantos o conheceram em Lisboa ficaram encantados e lhe chamavam Santo. 
No mês de Junho de 1591, o Capítulo de Madrid deixou-o sem qualquer cargo na Ordem. Frei João desafiou o Geral da Ordem, Frei Nicolau Doria, que discordando dele e chamando-lhe à atenção sobre algumas situações menos claras do seu governo. Eis que paga a factura da sua ousadia singular. Ainda há mais por onde passar e que sofrer. Frei Diogo Evangelista, noutros tempos repreendido pelo Santo, resolve vingar-se dele e difama-o. 
Depois do Capítulo Frei João partiu para o convento de La Peñuela. No seu interior leva a secreta tarefa de acabar o quanto antes os seus escritos. Na realidade para aí se desloca aguardando que o chamem para embarcar no barco que o levará de Sevilha para as missões do México. É que Frei João se oferecera para ir como missionário para o México. 

Chegou a La Peñuela e prontamente se dedicou aos seus escritos. Mas uma perna se lhe inflamou a tal ponto que a febre se recusou deixá-lo. Era a cruz preparada para o final do caminho que o devia conduzir, não ao México, mas, como ele próprio disse «a outras Índias melhores e mais ricas de tesouros eternos». De La Peñuela levam-no para Úbeda. O carinho e a alegria com que em Úbeda foi recebido pelos frades da comunidade e pelos leigos que conheciam o Santo era indescritível. O único que destoou foi Frei Francisco Crisóstomo, o prior, que aproveitava todas as ocasiões para o fazer sofrer, vingando-se, assim, de Frei João que noutros tempos o tinha repreendido. 
A doença agravou-se. Foram cheios de dores atrozes os últimos dias de Frei João. Depois de uma operação dolorosíssima comentou: «Cortem quanto for preciso, em boa hora e a vontade do meu Senhor Jesus Cristo se faça». 

No dia 7 de Dezembro soube que morreria a 14, por ser Sábado, dia de Nossa Senhora. Durante o dia 13 perguntou insistentemente as horas, dizendo que nesse dia lhe tinha mandado Deus ir cantar Matinas ao Céu. Antes da meia noite, querem os irmãos rezar-lhe as orações dos agonizantes, mas Frei João diz que não faz falta e pede que lhe leiam o Cântico dos Cânticos. Aos primeiros versículos Frei João comenta: «ó que preciosas margaridas tem o céu!» À meia noite, ouvindo o sino exclama: «Vou cantar Matinas para o Céu» e adormeceu dizendo: «Nas Tuas mãos Senhor entrego o meu espírito». 
Era o dia 14 de Dezembro de 1591, Sábado. Uma voz correndo pela cidade foi gritando que tinha morrido o frade Santo do Carmo. O povo, apesar ser de noite e dura a tempestade, acorre e força os frades a abrirem as portas do convento para venerarem os restos mortais daquele homem a quem todos chamavam Santo. 

Oração da alma enamorada

Senhor Deus, amado meu! 
Se ainda Te recordas dos meus pecados, 
para não fazeres o que ando pedindo, 
faz neles, Deus meu, a tua vontade, 
pois é o que mais quero, 
e exerce neles a tua bondade e misericórdia 
e serás neles conhecido. 
E, se esperas por obras minhas, 
para, por meio delas, me concederes o que te rogo, 
dá-as Tu, e opera-as Tu por mim, 
assim como as penas que quiseres aceitar 
e faça-se. 
Mas se pelas minhas obras não esperas, 
porque esperas, clementíssimo Senhor meu? 
Porque tardas? 
Porque, se, enfim, 
há-de ser graça e misericórdia 
o que em teu Filho te peço, 
toma a minha insignificância, 
pois a queres, 
e dá-me este bem, 
pois que Tu também o queres. 
Quem se poderá libertar dos modos 
e termos baixos 
se não o levantas Tu a Ti em pureza de amor, 
Deus meu? 
Como se levantará a Ti o homem 
gerado e criado em baixezas, 
se não o levantas Tu, Senhor, 
com a mão com que o fizeste? 
Não me tirarás, Deus meu, 
o que uma vez me deste 
em teu único Filho Jesus Cristo, 
em quem me deste tudo quanto quero. 
Por isso folgarei pois não tardarás, 
se eu espero. 
Com que dilações esperas, 
pois, se desde já podes amar a Deus 
em teu coração? 

Meus são os céus e minha é a terra; 
minhas são as gentes, 
os justos são meus, e meus os pecadores; 
os anjos são meus 
e a Mãe de Deus 
e todas as coisas são minhas; 
e o mesmo Deus é meu e para mim, 
porque Cristo é meu e todo para mim. 
Que pedes pois e buscas, alma minha? 
Tudo isto é teu e tudo para ti. 
Não te rebaixes 
nem repares nas migalhas 
que caem da mesa de teu Pai. 
Sai para fora de ti e gloria-te da tua glória, 
esconde-te nela e goza, 
e alcançarás as petições do teu coração. 

Ditos de Luz I, 25-27 
S. João da Cruz in As mais belas páginas de S. João da Cruz p. 176,177 
fonte -  http://www.carmelitas.pt/site/santos/santos_ver.php?cod_santo=24




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