A decisão "será de Bento XVI" sobre o pedido de dispensa de espera de cinco anos após morte da vidente de Fátima mas "certamente a Lúcia mereceria porque foi uma grande santa" - disse hoje, em Fátima, o Cardeal Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. Se fosse viva, a Irmã Lúcia celebrava, no próximo mês de Março, o centenário do nascimento. "Tive muitos contactos com ela e fiquei sempre com a ideia que vivia noutro mundo" - sublinhou o Cardeal português que hoje presidiu à ordenação de D. Manuel António, novo bispo de S. Tomé e Príncipe. Sobre o pedido de dispensa de cinco anos, D. José Saraiva Martins afirma que a ideia é "muito boa".
À reportagem da ECCLESIA, D. Albino Mamede Cleto, bispo de Coimbra, referiu que durante a presença em Portugal de D. José Saraiva Martins " é provável que se fale no assunto" mas o processo "não está nas mãos dele".
Para que a Irmã Lúcia - falecida há dois anos - seja beatificada, o "processo irá levar muito tempo e anos". O pedido de dispensa será feito "oportunamente", talvez "antes do Verão". Nessa altura "terei os elementos que necessito" - frisou o bispo de Coimbra.
O promotor será o Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, por isso "terei "de consultar o Carmelo e os carmelitas, O Santuário de Fátima e a Conferência Episcopal Portuguesa". E finaliza: "suponho que Bento XVI acolherá o pedido mas não sei a resposta que ele dará".
Segundo o Direito Canónico, são necessários cinco anos após a morte para a abertura de um processo de canonização. É possível, no entanto, fazer um pedido de dispensa ao Papa para se iniciar o processo, como aconteceu excepcionalmente nos casos de João Paulo II e de Madre Teresa de Calcutá.
A Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, no dia 13 de Fevereiro de 2005, aos 97 anos. Depois das Aparições de 1917, das quais foi a principal mensageira, a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado entrou para a vida de consagração religiosa em 1925 e professou como Doroteia na cidade de Tuy, em Espanha, no ano de 1928. Fez votos perpétuos no dia 13 de Outubro de 1934.
Tornou-se Carmelita em Coimbra, no Carmelo de S. Teresa, no dia 25 de Março de 1948, onde permaneceu até à sua morte. A Vidente foi sepultada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, como era seu desejo, durante um ano antes de ir para a basílica do Santuário de Fátima.
Papa permite início do Processo de Beatificação da Irmã Lúcia de Fátima
Bento XVI estabeleceu que pode começar o processo de canonização da Irmã Lúcia dos Santos, uma dos três pastorinhos videntes de Fátima, sem necessidade de esperar os cinco anos depois da morte que o processo canônico estabelece.
A notícia foi anunciada na tarde desta quarta-feira, na catedral de Coimbra, Portugal, pelo cardeal José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, no final de uma missa celebrada no 3º aniversário da morte da Irmã Lúcia.
Trata-se da mesma disposição que João Paulo II tomou para começar o processo de beatificação da Madre Teresa de Calcutá ou que Bento XVI adotou para começar a causa de Karol Wojtyla.
Esta decisão não implica nenhuma concessão no que se refere ao processo de beatificação como tal, que seguirá o curso ordinário, a não ser que o Papa dê uma nova disposição.
Segundo confirma um comunicado de imprensa da Santa Sé, «Bento XVI, acolhendo benevolamente o pedido apresentado pelo bispo de Coimbra, Dom Albino Mamede Cleto, e compartilhada por numerosos bispos e fiéis de todas as partes do mundo, derrogou os cinco anos de espera estabelecidos pelas normas canônicas (cf. artigo 9 das Normae servandae), e dispôs que possa começar-se, apenas três anos depois da morte, a fase diocesana da causa de beatificação da carmelita».
Lúcia de Jesus dos Santos tinha dez anos quando declarou ter visto pela primeira vez, em 13 de maio de 1917, uma senhora que depois identificou como Nossa Senhora, na Gruta de Iria, junto a seus primos Francisco e Jacinta Marto, beatificados por João Paulo II no aniversário das aparições do ano 2000, em Fátima.
Em 13 de outubro de 1930, o então Bispo de Leiria, Dom José Alves Correira da Silva, em uma carta pastoral, declarou dignas de fé as aparições de Fátima e admitiu o culto público. Desde então, o santuário se converteu em um centro de espiritualidade e peregrinação de alcance internacional.
Nascida em 1907, em Aljustrel, a Irmã Lucia se mudou em 1921 para Oporto, e aos 14 anos foi admitida como aluna interna no Colégio das Religiosas Dorotéias, em Vilar, nos arredores da cidade.
Em 24 de outubro de 1925, entrou no Instituto de Santa Dorotéia e ao mesmo tempo foi admitida como postulante no convento que a mesma congregação tem em Tuy, Galícia, Espanha, perto da fronteira portuguesa. Em 3 de outubro de 1928, pronunciou seus primeiros votos. Em 3 de outubro de 1934, emitiu os votos perpétuos e recebeu o nome de Irmã Maria da Dolorosa.
Em 1946, voltou a Portugal e, dois anos mais tarde, entrou no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde, em 31 de maio de 1949, professou como Carmelita Descalça, assumindo o nome de Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado.
Escreveu dois livros, um chamado «Memórias» e outro «Chamado da Mensagem de Fátima». Em seus escritos, ela conta como Nossa Senhora e o Menino Jesus apareceram outras vezes nos anos posteriores ao acontecimento de Fátima. Faleceu aos 97 anos, no convento de Coimbra.
(Fonte: Zenit)
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