quarta-feira, 13 de novembro de 2013

São Francisco de Assis


No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são as únicas que o vento não consegue levar: um estribilho antigo, o carinho no momento preciso, o folhear de um livro, o cheiro que um dia teve o próprio vento...(Mário Quintana - Para Viver Com Poesia)

Francisco de Assis e o Lobo - outra versão
Nesta época São Francisco morava na cidade de Gúbio, onde num certo dia surgiu um grande e feroz lobo que devorava os animais e os homens, de forma que todos morriam de medo, porque esse animal feroz sempre se aproximava da cidade. Por isso, todas as pessoas se armavam quando tinham que sair de Gúbio. Mas, como o animal se mostrava muito feroz, depois de um certo tempo, os habitantes da região nem tinham mais coragem de sair da cidade, mesmo estando armados.

São Francisco, sabendo o que estava acontecendo, resolveu ir ao encontro do lobo. Assim, fazendo o sinal da cruz, saiu da cidade com os seus companheiros para encontrar o temível animal. Foram com ele, ao encontro do lobo, também vários moradores de Gúbio.

Ao chegar no local onde a fera se encontrava, os moradores viram o feroz lobo com a boca aberta indo ao encontro do santo. Quando o animal se aproximou, São Francisco fez o sinal da cruz e o chamou: -”Venha cá, irmão lobo, ordeno-te da parte de Cristo, que não me faças mal, nem a mim e nem a ninguém desta cidade.”

Admiravelmente ao fazer o sinal da cruz o lobo fechou a boca e veio manso como um cordeiro, lançando-se aos pés do santo como se estivesse morto.

Então, Francisco lhe disse: -”Irmão lobo, tens causado muitos prejuízos a esta terra, destruído e matado as criaturas de Deus sem o Seu consentimento. Além de tudo também mataste seres humanos, feitos à imagem e semelhança do Altíssimo. Por isso és digno de forca, como um terrível ladrão e homicida. Toda esta gente que está aqui murmura contra ti e toda a terra te é inimiga. Porém, eu desejo fazer as pazes entre ti e eles, de forma que tu não agredirás mais a eles e eles te perdoarão todas as ofensas que lhes cometeste no passado e não serás mais perseguido por nenhum cão e nem por nenhum homem.”

Depois que São Francisco terminou de falar, o lobo fez um movimento com o corpo, com a cauda e com as orelhas, inclinando a cabeça, para mostrar que aceitava o que o santo dizia.

Com isso, Francisco lhe disse: -”Irmão lobo, já que é do teu agrado fazer e observar a paz, eu te prometo dar alimento continuamente, enquanto viveres, através dos homens desta terra, a fim de que não passes fome, porque sei que foi por causa da fome que fizeste isto tudo. Assim, deves me prometer que não farás mais mal a nenhuma pessoa, nem a nenhum animal. Tu prometes isto?” E o lobo, inclinando a cabeça fez um sinal de que prometia. Então, São Francisco continuou: -”Irmão lobo, eu quero que tu me dês uma prova de que vás cumprir o que prometeste.” E, estendendo o santo a mão para receber o juramento, o lobo levantou a sua pata direita e a colocou sobre a mão do santo.



Após o acordo firmado, Francisco lhe disse novamente: -”Irmão lobo, agora deves vir comigo para concluirmos esta paz em nome de Deus.” Então o lobo o acompanhou mansamente, de modo que todos da cidade se admiraram.

Estando todos reunidos à sua volta, São Francisco pregou dizendo que Deus permitia tais adversidades por causa dos pecados cometidos pelos seres humanos. Por isso, todos deviam fazer penitência, para que Deus os livrasse do lobo do tempo presente e, no futuro, do fogo infernal. Logo em seguida lhes falou do acordo firmado com o lobo e todos prometeram nutri-lo diariamente.

Para concluir, o santo falou novamente ao manso animal: -”E tu, irmão lobo, prometes observar o pacto de paz?” E o lobo se ajoelhou e inclinou a cabeça com movimentos mansos, demonstrando que o observaria.

E continuando Francisco a lhe falar, e pedindo um sinal de que realmente cumpriria o que estava prometendo diante de todo o povo, o lobo estendeu a sua pata direita e colocou-a na mão do santo.

Logo, todos começaram a louvar a Deus por lhes ter enviado São Francisco para alcançar a paz e porque por seus méritos haviam ficado livres da boca do feroz animal.

Depois disto, o lobo viveu ainda dois anos em Gúbio, entrando domesticamente nas casas de porta em porta, sem fazer mal a ninguém, e sem que lhe fizessem também qualquer mal. O povo o nutria com cortesia. Igualmente nenhum cachorro ladrava atrás dele. Finalmente, após dois anos o irmão lobo morreu de velhice, deixando o povo da cidade bastante triste, porque vendo-o, lembravam-se da virtude e da santidade de São Francisco.
(Buscando a Fonte).

A pessoa que trabalha lá em casa é muito, muito humilde.

Você já deve ter ouvido esta frase, com certeza. E com a mesma certeza sabe que quem assim fala está se referindo a alguém com poucos recursos amoedados. Ou intelectuais. Ou ambos.


De um modo geral, associamos pobreza, analfabetismo, ignorância à humildade.

Contudo, foram humildes Jesus de Nazaré, Francisco de Assis, Francisco Cândido Xavier.

E esses não se enquadram nos itens destacados. Jesus era humilde, no entanto, a ninguém ocorre imaginar que Ele fosse um iletrado.

Profundo conhecedor da alma humana, o que Lhe confere, de imediato, alta condição psicológica, era igualmente conhecedor da História de Israel, da cultura do mundo em que vivia, das escrituras.

Provam isso suas falas, seus pronunciamentos, reportando-se à Lei antiga, aos profetas, ao tempo político que se vivia então.

Ademais, era poeta, utilizando-se sabiamente de figuras de linguagem, adequando-as ao ensino que desejava oferecer e às pessoas para as quais falava.

Ninguém foi tão grande quanto Ele. E era humilde. Ele mesmo o disse: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.

Francisco Cândido Xavier não dispunha de recursos financeiros, nem diplomas.

Mas ninguém ousaria dizê-lo ignorante. Basta recordar-lhe a sabedoria nas entrevistas que concedeu a jornalistas, repórteres, cientistas que desejaram estudar-lhe as qualidades mediúnicas.

Sabia portar-se em público, utilizando-se de vocabulário adequado, demonstrando a ilustração do seu intelecto.

Francisco de Assis nasceu em berço rico e abraçou a pobreza, por opção do ensino que desejou ministrar, em plena Idade Média.

Era humilde e conhecedor do Evangelho. Foi ainda compositor. Dizia-se o cantor do Grande Rei, Deus.

No ideal de divulgar o Evangelho de Jesus em sua essência mais pura, agregou jovens ricos, homens cultos, no mesmo ideal e os liderou.
Falava ao povo simples, falava a magistrados e às autoridades eclesiásticas.

Conta-se que, certa vez, em retornando de Roma a Assis, deteve-se na cidade de Ímola. Por questão de respeito hierárquico, apresentou-se ao bispo e expressou o desejo de pregar na igreja local.

Eu prego a meu povo e isso é o bastante! – Foi a resposta do bispo.

Francisco se retirou e voltou uma hora depois, fazendo o mesmo pedido.

Ante o espanto do bispo, pela insistência, respondeu:

Meu senhor, se um pai expulsa o filho por uma porta, ele deve voltar por outra!

O raciocínio coerente lhe valeu o direito de tomar lugar no púlpito do prelado para a pregação.
* * *
Humildade é virtude que brilha nos corações dos homens de bem.
Homens de intelecto mas que a ninguém desprezam.
Homens de posses, que a todos acolhem.
Homens que sabem reivindicar seus direitos, nunca sendo omissos.
Homens de bem. Humildes.
Repensemos nossos conceitos.

Redação do Momento Espírita, com relato de fato colhido no
cap. Onze (1213-1218), do livro Francisco de Assis,
o santo relutante, de Donald Spoto, ed. Objetiva.
Em 18.1.2016.

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