quinta-feira, 31 de outubro de 2013

AS CINCO TERESAS DO CARMELO

AS CINCO TERESAS DO CARMELO
São cinco as Teresas da Ordem Carmelitana Descalça canonizadas. 
Além da fundadora, 
Teresa de Ávila (Espanha, 1515-1582), temos 
Teresa de Lisieux (França, 1873-1897),= Santa Teresinha do Menino Jesus
Teresa Margarida Redi (Itália, 1747-1770), 
Teresa dos Andes (Chile, 1900-1920) e 
Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein - Polônia, 1891-1942).
Todas elas são muito atuais, graças, em primeiro lugar, à experiência de que são portadoras. Há figuras na história da humanidade que se tornam universais quando dizem algo que vale para todos os homens de todos os tempos. Nas Teresas carmelitanas todos podem se identificar, independentemente do tempo, da cultura, do lugar, porque elas falam de riquezas que ultrapassam as contingências do tempo e do espaço, embora tivessem, todas, o pé bem fincado na própria circunstância. Pela via da mística, elas alçaram voos inimagináveis para suas épocas: fizeram-se autônomas, livres e fortes, não pelo caminho da força, mas pelo caminho da Graça, que não escolhe o sexo.
O fato de serem todas carmelitas leva-nos a pensar que deve haver no Carmelo algo de especial, particularmente no ramo feminino, que o faz gerar para a Igreja e o mundo pessoas tão significativas.
A criatividade das Teresas é admirável. São intuitivas e muito perspicazes, particular-mente no campo da mística, da teologia, da antropologia e da psicologia, ainda que nem todas tivessem estudo que justificasse tanta sabedoria.
Além do fato de serem carmelitas e mulheres, eu destacaria três outros pontos comuns entre elas: 
a mística e a santidade; 
a sensibilidade ao próprio tempo; 
o amor incontido à Igreja e ao mundo.
O primeiro: cada uma deu uma contribuição muito pessoal à busca da santidade e à vivência da mística na Igreja. Santa Teresa colocou a mística no chão, quando, em sua época, místico era tudo o que se destacava do corpo, da matéria. Ela dá à mística uma dimensão de encarnação, própria do cristianismo, mas esquecida no seu tempo. O que marca sua vivência mística é a experiência da humanidade de Cristo. Santa Teresa Margarida é a mística do coração de Jesus. Santa Teresinha é a mística sem arroubos ou êxtases. A santidade, para ela, busca-se no dia a dia, através de uma entrega confiante à misericórdia de Deus. Santa Teresa Benedita coloca em relevo a busca mística: somente o encontro com Deus apazigua a procura pela verdade que durará para sempre enquanto permanecer apenas no campo intelectual. Em sua beatificação, o Papa João Paulo II dizia sobre ela: "Irmã Teresa Benedita da Cruz, uma personalidade que leva na sua intensa vida uma síntese dramática do nosso século, uma síntese rica de feridas profundas que ainda hoje sangram; ao mesmo tempo a síntese de uma verdade plena, para além do homem, em um coração que permanece por longo tempo inquieto e insatisfeito até quando finalmente encontra a sua paz em Deus." Teresa dos Andes ressalta a alegria infinita que se encontra em Deus, para além da efemeridade da civilização do bem-estar.
Outro ponto comum, relacionado à sensibilidade ao seu tempo, é que todas viveram sua experiência estimuladas pelos problemas que viviam, aos quais deram respostas pessoais e criativas. Todas elas, com maior ou menor intensidade, foram incompreendidas em seu tempo, por serem muito originais, especialmente Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha.
O último ponto comum é o amor que essas Teresas demonstraram à Igreja e ao mundo. Uma carmelita certa vez disse que "uma alma que se eleva eleva todo o mundo consigo". Existem, porém, aquelas que são dotadas pelo Espírito de dons que as fazem luzeiros para todos.
Qual é a contribuição de cada uma à Igreja? Santa Teresa de Ávila é a grande santa que colaborou para a renovação não só do Carmelo, mas da Igreja, que nesta oração, recitada no dia de sua festa, reconhece sua contribuição: "Ó Deus, que suscitastes Santa Teresa para ensinar à Igreja o caminho da oração (...)". Sua obra consiste em mostrar à Igreja que toda mudança passa pelo coração do homem que encontra em suas profundezas o castelo onde Deus habita. Santa Teresa Margarida é a mística do escondimento, sinal para a Igreja do Papa Francisco: tanto mais fiel à sua missão, quanto mais simples e serviçal for. Santa Teresinha, chamada a maior santa dos tempos modernos, contribuiu para fazer ver à Igreja a necessidade de voltar a todo tempo à simplicidade evangélica, além de ter proclamado, de forma nova e ardente, que é o amor que a impulsiona e lhe dá vida. A grande contribuição de Santa Edith Stein diz respeito à presença da mulher na Igreja e ao papel do intelectual, que reafirma a existência de um pensamento católico que jamais estará ultrapassado. O grande pensador inglês Gilbert Keith Chesterton, convertido ao catolicismo, dizia aos que chamavam a Igreja de antiquada que o pensamento antiquado só pode ser chamado assim porque sobrevive, enquanto outros pensamentos pagãos estão fadados à morte. Teresa dos Andes nos traz um testemunho menos explosivo, mas não menos luminoso, ao demonstrar ser possível para a América buscar a santidade - não as guerras, a violência, as convulsões - como fator desestruturador de injustiças. A revolução maior quem faz é o santo, que busca o bem necessário e único: Deus Encarnado. O desejo de salvar dominava a todas. Todas sentiram o desejo de dar a vida pela Igreja, sofreram com ela em seu esforço por ser "instrumento de salvação".
Jorge Ben Jor disse que era Flamengo e tinha uma nega chamada Teresa. Nós somos do Carmelo e temos cinco santas chamadas Teresa.
Frei César Cardoso de Resende, ocd

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