O que significa santidade?A palavra santo (no grego hágios; no hebraico kadosh), significa separado (sagrado), outro, outra coisa. Ser santo, literalmente, é ser separado por Deus e para Deus, é ser uma outra “coisa”, diferente do mundo que nos rodeia. Por isso mesmo, o sentido moral da palavra não pode ser esquecido.
Santificar é tornar santo. A vontade de Deus para a sua vida é que você seja santo (Lv 19, 2 / 1 Pd 1, 16 / Hb 12, 14). O cristão foi ressuscitado com Cristo e vive a vida nova em Cristo. Mas a santidade não nos isola do convívio social, ao contrário: deve ser demonstrada no dia a dia e nos relacionamentos cotidianos (1 Pd 1, 15-17). É necessário viver na prática essa nova vida em Cristo (Rm 6, 4)! Não basta despojar-se do “velho homem”; é essencial vestir-se do novo (Ef 4, 22-24). Santificação é viver de acordo com esta nova vida que recebemos.
Cultivar a santidade é o processo de ir crescendo em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens (Lc 2, 40), assim como Jesus em Nazaré, chegando à maturidade de Cristo (Ef 4,13), capaz de tomar decisões prudentes, sábias e iluminadas ao longo da vida.
Santidade é, mesmo com o coração queimando, perdoar, “deixar para lá”; mesmo com o corpo cansado, prestar serviços conforme as suas capacidades, para o bem de todos, pois a caridade tudo crê, espera, sofre (1Cor 13,4-7). Santidade é ter o coração voltado para o Coração de Cristo, por uma sintonia interior, Dom do Espírito Santo, como escreveu São Paulo: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus” (Fl 2, 5).
Como diz o livro do padre jesuíta Héber Salvador de Lima, santidade é ir “mancando em busca do Reino”, que é o título do seu livro1 sobre a vida de Santo Inácio de Loyola: este grande servo de Deus, por causa de uma fratura mal curada da perna, ficou coxo, e, coxeando, percorreu o caminho da santificação, isto é, da imitação do Salvador, o quanto pôde.
Assim, santidade nem sempre é “perfeição”2, a não ser a perfeição do amor santo, mas não perfeição de fazer tudo sempre “certinho”, tudo segundo “as regras”. Até São Francisco de Assis, este grande modelo de vida cristã, numa ocasião chegou a subir num telhado novinho, erguido pela indústria de São Boaventura, e destelhá-lo, para dar abrigo aos estudantes franciscanos, atirando telhas ao chão e quebrando-as...
A diferença é que São Francisco logo caiu em si e pediu desculpas pelos seus “cinco minutos” de ira. Esta imperfeição, porém, não o tirou do caminho seguro da santidade!
Por isso, onde Mateus escreveu: “Sede perfeitos como vosso Pai Celestial é perfeito” (Mt 5, 48); Lucas transcreveu: “Sede misericordiosos como o Pai é misericordioso” (Lc 6, 36). Isso nos dá confiança! Fazer tudo sempre “certinho”? Parece impossível! Nem São Francisco conseguiu! Ser misericordioso? Isso parece bem mais ao nosso alcance, não é mesmo? Mãos à obra, então! Tratemos de santificar as nossas vidas, cada um de nós, e demos nosso exemplo ao mundo que nos rodeia!
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